
África enfrenta um misto de Riscos E Oportunidades Num Cenário De Crescimento Global Moderado – G20
- O relatório do G20 sobre crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo identifica desafios significativos para as economias africanas e emergentes, ao mesmo tempo que evidencia oportunidades estratégicas para reposicionar estas regiões na economia global;
- A transição climática, a reorganização das cadeias de valor e a necessidade de financiamento de longo prazo surgem como variáveis centrais que poderão influenciar trajectórias de desenvolvimento nas próximas décadas.
Crescimento Mais Baixo Aproxima-se De Uma “Nova Normalidade” Para Economias Emergentes
O G20 alerta que as economias emergentes enfrentam um ambiente de crescimento mais fraco, marcado por menor procura global, condições financeiras apertadas, custos de financiamento mais elevados e maior volatilidade cambial. Esta combinação cria pressões sobre dívida pública, investimento e espaço fiscal, num contexto em que muitos países ainda recuperam dos impactos da pandemia e de choques climáticos.
Em África, o crescimento deverá continuar a divergir entre países com recursos naturais estratégicos, que beneficiam de investimentos associados à transição energética, e economias mais dependentes de importações e com fragilidades estruturais profundas. O risco de divergência a médio prazo é real, e o relatório enfatiza a necessidade de políticas que reforcem produtividade, integração regional e resiliência macroeconómica.
Condições Financeiras Restritivas Aumentam Pressão Sobre Dívida E Investimento Público
O relatório sublinha que as taxas de juro internacionais permanecem elevadas, o que tem efeitos particularmente adversos sobre economias emergentes e africanas, cujo custo de financiamento externo já se encontrava num patamar historicamente sensível. Países com dívida indexada ao dólar ou expostos à volatilidade cambial enfrentam maiores encargos financeiros, afectando orçamento, programas sociais e investimento em infra-estruturas.
Muitos governos africanos mantêm acesso limitado a financiamento concessionário e enfrentam mercados internacionais fechados ou demasiado caros. O G20 enfatiza que reformas nas instituições financeiras internacionais e maior disponibilização de instrumentos de mitigação de risco serão cruciais para desbloquear fluxos de capital para projectos estratégicos.
Fragmentação Geoeconómica Pode Penalizar As Economias Mais Dependentes Do Comércio Internacional
A reorganização das cadeias de abastecimento, a intensificação de políticas industriais nas grandes economias e as tensões geopolíticas criam um ambiente de incerteza adicional. Para economias emergentes fortemente dependentes de exportações de matérias-primas ou de sectores industriais integrados em cadeias globais, a fragmentação pode traduzir-se em perdas de mercado e deslocação de investimento.
Ao mesmo tempo, o relatório identifica oportunidades para países que fortaleçam o seu ambiente produtivo e logístico, posicionando-se como alternativas viáveis em cadeias de valor reconfiguradas, especialmente em sectores ligados a energia verde, minerais críticos, processamento industrial e serviços digitais.
Transição Climática Oferece Oportunidades, Mas Exige Financiamento Inacessível Para Muitos Países Africanos
O relatório mostra que África está no centro do paradoxo climático global. O continente necessita de investimentos massivos em adaptação, resiliência, energia limpa, infra-estruturas e agricultura sustentável, mas enfrenta limitações severas de financiamento e risco-país elevado. A discrepância entre necessidades e recursos disponíveis continua a crescer.
O G20 defende que o financiamento climático deve ser ampliado e acompanhado de reformas na Banca Multilateral de Desenvolvimento para permitir maior mobilização de capital privado. Para países com altos níveis de risco climático — como Moçambique — a ausência de mecanismos acessíveis de apoio financeiro limita a capacidade de recuperação e de atracção de investimento transformador.
Produtividade Estagnada E Informalidade Limitam O Potencial De Crescimento
A África Subsariana continua a apresentar níveis de produtividade muito inferiores aos registados noutras regiões emergentes. O relatório identifica factores estruturais que condicionam o dinamismo económico: lacunas em infra-estruturas, baixa difusão tecnológica, sistemas educativos insuficientes e mercados laborais caracterizados por informalidade elevada.
O G20 defende que reformas estruturais alinhadas com inovação, digitalização, desenvolvimento de competências e diversificação produtiva serão essenciais para reduzir vulnerabilidades e ampliar o potencial de crescimento de longo prazo.
Inclusão Social Como Pilar De Estabilidade Económica
A desigualdade permanece elevada em várias economias emergentes, e em África tende a agravar-se em períodos de desaceleração económica. O relatório destaca que políticas de inclusão social, protecção social, igualdade de género e investimento em capital humano não são apenas medidas sociais, mas também motores de crescimento sustentado.
Para muitos países africanos, fortalecer redes de protecção social é fundamental para estabilizar a procura interna e reduzir vulnerabilidades que fragilizam a recuperação económica.
Financiamento Internacional Continua Insuficiente Para Suportar Transformações Estruturais
Apesar do reconhecimento internacional da necessidade de maior apoio às economias emergentes, o relatório sublinha que os compromissos de financiamento global ainda ficam aquém do que é necessário. A transformação produtiva, energética e digital dos países africanos exige um volume de capital que não será atingido sem reformas profundas na arquitectura financeira internacional.
O G20 recomenda instrumentos que reduzam o risco para investidores privados, ampliem garantias soberanas, reforcem a capacidade de financiamento de infra-estruturas e expandam mecanismos concessionários para países vulneráveis.
Posicionamento Estratégico: Janelas Oportunas Para África E Economias Emergentes
Apesar dos desafios, o relatório mostra que algumas economias emergentes, especialmente aquelas com reservas de minerais críticos, potencial energético, sistemas logísticos em expansão e estabilidade institucional crescente, podem beneficiar da reorientação das cadeias globais de valor.
Em África, países como Moçambique, Namíbia, Botswana, Marrocos e Gana têm surgido como actores relevantes em energias renováveis, processamento mineiro, cadeias de hidrogénio verde, fertilizantes e serviços digitais. A capacidade de consolidar essas vantagens dependerá de reformas domésticas, estabilidade política, governação económica e atracção de capital estrangeiro de longo prazo.
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