
Agentes económicos mantêm aposta no agro-processamento
Não obstante as conhecidas dificuldades para o exercício do Agronegócio e da agricultura orientada para o mercado de um modo geral, na esperança de dias melhores, empreendedores do ramo vão colhendo os dividendos possíveis.
O agro-processamento, ou seja, o conjunto de métodos e técnicas usados para transformar matéria-prima em comida para consumo, é usado tanto a nível industrial como caseiro. De uma maneira geral, o processamento de alimentos visa a conservação ou a adicção de características desejáveis aos produtos frescos.
Entretanto, a produção agrícola continua sendo subaproveitada devido à falta de infraestruturas de processamento no país, e isso tem contribuído para que o país continue a importar grandes quantidades de produtos agroalimentares que podem ser produzidos localmente, a exemplos de cereais, hortícolas, fruta, carne e outros produtos processados.
Apesar destes constrangimentos vão surgindo iniciativas empreendedoras neste domínio, que mostram que há uma certa vontade dos agentes económicos de apostarem neste sector.
A Quinta Irine, por exemplo, é uma micro empresa localizada no distrito da Boane, na província de Maputo, que tem se dedicado na transformação de frutas em produtos processados como jams, achares, entre outras criações.
A aventura pelo ramo do agro-processamento iniciou em 2010, depois desta empreendedora ter se beneficiado de uma formação oferecia pelo Instituto para a Promoção de Pequenas e Médias Empresas (IPEME). A capacitação tinha como objectivo principal doptar os agentes económicos de técnicas para melhor expor os seus produtos no mercado.
Como resultados, a Quinta Irine já oferece os seus produtos a diversos estabelecimentos comerciais: mercearias e supermercados. Mas este facto só foi possível graças à aquisição do código de barras para dois produtos, nomeadamente: óleo essencial de gengibre e o suplemento de banana.
Entretanto, a existência de uma indústria de embalagem incipiente tem representado um grande entrave no desenvolvimento das suas actividades.

Carla Marisa – Proprietária da Quinta Irine
“São embalagens que podiam estar aqui e ao mesmo preço provavelmente. Mas no momento temos que ir comprar em Johannesburg. Há vezes que tenho uma encomenda para dois dias a seguir e eu não tenho como porque tem que ir a Johannesburg”, referiu Carla Marisa proprietária da Quinta Irine.
No momento, o projecto conta com o apoio de algumas instituições de microfinanças que tem oferecido linhas de financiamento que se adequam ao perfil de negócio praticado pela empresa.
“Vou recorrendo sempre que eu precise para trabalhar na agricultura porque a taxa para a agricultura é um pouco mais baixa”, salientou Carla Marisa.
Esta situação mostra que as prevalecentes lacunas no investimento, que se observam no domínio do agro-processamento, fazem com que Moçambique continue a exportar produtos agrícolas em bruto e a importar sementes.
O outro constrangimento que preocupa a proprietária da Quinta Irine tem a ver com a certificação dos produtos, um fenómeno que tem limitado o processo de exportação.
“A dificuldade está nos preços das certificações pois algumas não se fazem a nível nacional”, defendeu.
Refira-se que neste momento a empresa emprega cerca de cinco trabalhadores e para além da província e Cidade de Maputo, os seus produtos podem ser encontrados em Inhambane, Sofala, Zambézia e Nampula.
Veja o video a seguir: