Avicultores dizem que actividade justifica melhores incentivos, pedem acções que melhorem o ambiente de mercado do sector

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Globalmente, a avicultura é tida como um subsector estratégico para países em desenvolvimento. O papel económico, social e nutricional deste sector foi i particularmente discutido no decorrer da Conferência de Agro-negócio, Nutrição e Indústria Alimentar, sob o tema Caminhos para o Desenvolvimento da Indústria Avícola em Moçambique organizada pela Confederação das Associações Económicas (CTA) e Global Aliança Global para Melhoria da Nutrição GAIN, que teve lugar entre os dias 05 e 06 de Dezembro corrente. 

Neste encontro, foi colocado em relevo as soluções para a melhoria da nutrição em Moçambique através da produção e fortificação de alimentos.

Zeiss Lacerda representante da Associação Moçambicana da Indústria Avícola  de Moçambique – AMIA, a quem coube a tarefa de apresentar o tema, disse que há inúmeras razões para se investir na produção do frango e ovos e tornar a indústria uma alternativa para resolver os problemas de desnutrição em Moçambique. “O frango e os ovos têm um elevado desempenho nutricional com reduzido impacto ambiental no agro-negócio e é fonte proteica de fácil acesso”.

Em 2016, em Rapale, na província de Nampula, o sector avícola reuniu com o Presidente da República, Filipe Nyusi, e recebeu o mandato de criar auto-suficiência para satisfazer a demanda doméstica.

Entretanto, na luta pela realização do plano, a indústria avícola vem sofrendo desafios ao longo dos tempos desde a falta de estímulo financeiro para a produção, fraca produção, a concorrência de produtos importados, a eclosão de doenças aviárias e o contrabando e consequente proliferação de produtos sem qualidade no país.

“O contrabando continua a ser grande preocupação, pois traz consigo problemas como qualidade, certificação sanitária e concorrência desleal. A maioria dos ovos e frangos contrabandeados vêm da África do Sul, cuja indústria, curiosamente, não consegue satisfazer o mercado local”.

Outro desafio que se impõe tem a ver com a proliferação de produtos importados, vistos como baratos. Estes produtos provêm, fundamentalmente,  do Brasil e dos Estados Unidos de América considerados maiores produtores globais do frango e do milho. A situação coloca em causa competitividade do mercado doméstico.

 “O preço do frango é mais baixo quando o produto é importado e mais caro quando é produção local, isto deve-se à linha de produção e aos mercados preferenciais. Nos mercados preferenciais os consumidores têm preferência por certas partes do frango, chegando a pagar o preço do frango inteiro que não o consomem e os produtos exportam para um produto já pago no lugar de origem. O frango muitas vezes chega em pedaços. Então o produto já subsidiado torna-se mais barato em relação ao que se produz localmente”. Explicou.

Apesar dos desafios, Lacerda disse que o sector avícola tem estado a crescer 11 por cento ao ano e o quesito qualidade é um elemento que já não tem espaço para discussão. 

“Pois os produtos são de alta qualidade e alimentam grandes empresas com exigência de alto padrão de qualidade como a Kentucky Fried Chicken – KFC e Woolworths e este último já nos lançou a proposta para exportarmos para os mercados onde tem representações”.

Outro desafio do sector avícola é a importância que se atribui ao valor nutricional dos seus produtos. No mínimo, um indivíduo devia comer um ovo por dia, mas a estatística real é preocupante, segundo Lacerda, em comparação com outras realidades a nível do mundo e da região. 

“Há necessidade de se promover o consumo de produtos avícolas; em Moçambique um indivíduo consome apenas 10 vos por ano, os 273 ovos/ano na Alemanha e 150 ovos/ano na África do Sul”.

Não é só o valor nutricional dos seus produtos que concorre para o investimento na indústria avícola. O sector também é considerado um bom gerador de postos de trabalho, sejam eles directos ou indirectos. Por isso os produtores propõem a adopção de uma série de estratégias para a salvaguarda da indústria e consequentemente o bem-estar das pessoas.

“ É preciso que se crie um ambiente favorável para a avicultura que passa por medidas estruturais, criação de um plano director para o sector”.

Antonieta Nassone da Associação dos Avicultores de Moçambique disse que praticar a avicultura Moçambique é muito caro e se a situação continuar como está, a possibilidade de se alcançar as metas de auto-suficiência até 2026 é remota.

Para ela, o Governo precisa controlar os custos de produção e criar linhas de crédito e oferta de seguros para a indústria avícola nacional.  

O vice-Presidente do Pelouro de Agro-negócio, Nutrição e Indústria Alimentar, da CTA, Yacub Latif, disse que o sector avícola é complexo e o país tem condições para ser potência na produção de aves.

“O Governo deve criar um fundo específico para a avicultura com custos baixos e este fundo podia ser gerido pelo Ministério da Agricultura, através de uma entidade de referência para o sector avícola”. 

Não faz sentido que a ração seja cara enquanto o milho é produzido em Moçambique”, acrescentou Latif.

 

Os participantes propõem igualmente a aceleração da Política Nacional de Avicultura, e a organização dos pequenos avicultores para permitir a sustentabilidade do negócio. 

Segundo a AMIA, a indústria avícola consome 86.282,6 toneladas de bagaço de soja para a produção de frango no projecto engorda.

A produção de ovo, considerado o alimento mais completo em nutrientes depois do leite materno, tem crescido 14 por cento por ano.

A cama usada para a produção do frango é aplicada na agricultura e é considerada dos melhores estrumes para a produção de hortícolas e outros.

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