Banco de Moçambique alerta para a severidade das consequências económicas da pandemia do COVID-19

Taxa de Juro de Política Monetária reduz para 11,25%
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O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 150 pontos base (pb), para 11,25%. 

Segundo o comunicado do Banco de Moçambique, a decisão foi sustentada pela expressiva revisão em baixa das perspectivas de inflação para o médio prazo, num contexto de maior declínio da procura agregada em resultado do impacto da COVID-19 na economia doméstica e internacional. 

O CPMO decidiu, igualmente, reduzir as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 150 pb, para 8,25% e
14,25%, respectivamente, e manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 11,50% e 34,50%, respectivamente.

O CPMO refere que a actual  projecção da inflação é substancialmente menor do que a efectuada em Fevereiro, por conseguinte,  a revisão em baixa da inflação decorre do declínio acentuado da procura interna, num cenário de prolongamento das medidas de restrição impostas pelo Estado de Emergência, bem assim das perspectivas de redução do preço do petróleo no mercado internacional. Em Março, a inflação anual de Moçambique desacelerou para 3,09%, após 3,55% no mês anterior. 

Consequências Económicas do COVID-19 serāo severas

O Banco de Mocambique faz notar que as perspectivas de crescimento económico para 2020 deterioram-se e os esforços de recuperação pós-ciclones retraem-se, o qjue faz prever que as consequências económicas da materialização da COVID-19 venham a ser severas severas, num cenário em que a economia moçambicana já se encontra debilitada em virtude dos efeitos dos ciclones Idai e Kenneth e da instabilidade militar nas zonas norte e centro do país. A combinação desses factores implicará contracções nas indústrias extractiva e transformadora, bem como nos sectores de transportes, comércio e serviços, hotelaria e restauração, ao todo representando cerca de 58% do Produto Interno Bruto (PIB). As perspectivas de um bom desempenho na agricultura, sector com um peso médio de 25% no PIB, poderão não ser suficientes para amortecer os efeitos negativos nos restantes sectores da economia.

O Banco de Moçambique adianta que a política monetária tem espaço para continuar a apoiar as políticas do país na mitigação dos efeitos da COVID-19. “As perspectivas de inflação continuam a melhorar e as reservas internacionais do país, no montante de cerca de USD 3.900 milhões, situam-se em níveis confortáveis para cobrir mais de 6 meses de importações”, afirma, para ainda acrescentar que  “perspectiva-se maior pressão sobre a despesa pública. O recente alívio do serviço da dívida de cerca de USD 15 milhões pelo Fundo Monetário Internacional, será redireccionado para o combate à COVID-19, mas as elevadas necessidades da economia poderão implicar maior pressão sobre a despesa pública, num contexto de contracção acentuada da receita pública. 

Para o horizonte de curto a médio prazo – acrescenta – aumenta a preocupação do CPMO em relação ao impacto da COVID-19 sobre a actividade económica. Assim, o CPMO reitera que continuará a monitorar os indicadores económico-financeiros, os factores de risco e o seu impacto sobre as perspectivas de inflação e a actividade económica, e poderá tomar as medidas correctivas necessárias antes da sua próxima reunião ordinária, agendada para o dia 17 de Junho de 2020.

Dívida Pública Interna continua em crescendo

O Banco de Moçambique faz saber ainda que o crescimento da dívida pública interna, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, aumentou de 155.256 milhões para 160.756 milhões de meticais, reflectindo, essencialmente, a emissão de obrigações do Tesouro. 

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