Banco de Moçambique Regista Prejuízo de 66,7 Milhões de Dólares em 2024 e Revê Fortemente os Lucros de 2023

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Questões-Chave

  • Exercício de 2024 encerra com perdas superiores a 4,1 mil milhões de meticais;
  • Lucros de 2023 foram revistos de 2,3 mil milhões para apenas 886 milhões de meticais;
  • Ajustamentos decorreram de uma anomalia informática ligada à contabilização de variações cambiais;
  • Activos e passivos totais do banco central aumentaram em 2024, ultrapassando os 12 mil milhões de dólares.

O Banco de Moçambique fechou o exercício económico de 2024 com um prejuízo de 66,7 milhões de dólares, ao mesmo tempo que procedeu à revisão em forte baixa do lucro reportado em 2023, segundo o relatório de contas anuais aprovado a 30 de Junho e divulgado esta semana.

De acordo com as demonstrações financeiras oficiais, o Banco de Moçambique (BdM) registou em 2024 um resultado líquido negativo de 4,1 mil milhões de meticais, equivalente a 66,7 milhões de dólares norte-americanos. Trata-se de uma inversão acentuada face ao desempenho inicialmente divulgado para 2023, ano em que a instituição reportara lucros de 2,3 mil milhões de meticais (cerca de 37,7 milhões de dólares), entretanto revistos para 886,2 milhões de meticais (14,3 milhões de dólares), após ajustamentos contabilísticos.

Segundo o próprio relatório, a revisão dos resultados de 2023 deveu-se à identificação de uma anomalia ao nível do sistema informático, relacionada com a forma como foram tratadas as variações cambiais no vencimento de operações de depósitos a prazo e operações “overnight” referentes a exercícios anteriores, até 2023. “Nesse contexto, o banco afectou o devido ajustamento, que resultou na reexpressão retrospectiva do exercício de 2023”, lê-se no documento.

Apesar do resultado líquido negativo, o balanço do banco central apresenta sinais de expansão. Em 2024, os activos totais ascenderam a 759,1 mil milhões de meticais (aproximadamente 12,2 mil milhões de dólares), enquanto os passivos totais foram fixados em 754,1 mil milhões de meticais (cerca de 12,1 mil milhões de dólares).

Este crescimento do balanço poderá reflectir, segundo analistas, tanto a valorização dos activos cambiais como a evolução do papel do banco central na gestão de reservas internacionais, operações monetárias e políticas de estabilidade financeira.

O exercício de 2024 representa um marco relevante para a contabilidade do Banco de Moçambique, não apenas pelos prejuízos acumulados, mas sobretudo pela decisão de rever em baixa os resultados de 2023 com base em correcções retroactivas. A gestão de riscos operacionais e a robustez dos sistemas informáticos surgem agora como áreas críticas a merecer reforço num contexto de maior exigência e escrutínio sobre as instituições financeiras públicas.

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