
Cabotagem marítima: uma vitória do sector privado
Durante muito tempo, o sector privado desdobrou-se em esforços na preparação da retoma da cabotagem marítima, uma acção alavancada pela disponibilidade da empresa Peschaud Moçambique, uma subsidiária do grupo francês de logística terrestre, fluvial, lacustre e marítima Peschaud et Cie International, em financiar o processo. Hoje, com o feliz anúncio dessa conquista, os empresários apelam para uma reforma do sector.
O Vice-Presidente do Pelouro de Transporte da CTA, Faruk Assubuji, em entrevista ao O.Económico disse, na altura, que o sucesso deste processo que estava previsto para o primeiro trimestre deste ano vai lograr resultados satisfatórios, pois considera que estão criadas as condições básicas para o efeito.
A convicção do empresariado, na voz de Assubuji, encontrava alicerces no envolvimento do sector privado em todo o processo de preparação da retoma da cabotagem, assim como na disponibilidade manifestada pela empresa Peschaud Moçambique em financiar o processo.
“Em todo esse processo da cabotagem nós só vemos vantagens não só para o sector privado mas também para a economia como um todo”, referiu Faruk Assubuji numa altura em que o assunto cabotagem era uma miragem.
Considerando que o diálogo entre os diferentes stakeholders foi crucial para a eliminação da maior parte dos desafios apontados em 2014, aquando da realização de um estudo encomendado pela CTA sobre a Reestruturação e Revitalização da Cabotagem Marítima em Moçambique, no qual percebe-se que na altura a cabotagem continuava a sofrer muitos constrangimentos tanto de caráter portuário e marítimo, legislativo, bem como de carácter aduaneiro.
“Obviamente que alguns desafios ainda persistem, mas acreditamos que com o que já está legislado há condições básicas para que a cabotagem retome. Portanto, os erros cometidos serviram como exemplo e lição na criação das condições em termos legislativas e operacionais”, avançou Assubuji, premeditando um bom futuro. Este que hoje, felizmente, é uma realidade.
A revitalização da cabotagem marítima no nosso país representa uma diversificação daquilo que são as modalidades de transporte, esperando-se que haja um impacto positivo em termos de transporte de mercadorias e bens.
O nosso interlocutor, entretanto, não deixou de chamar atenção para a necessidade de mudança de mentalidade por parte de alguns empresários ligados ao transporte rodoviário, que neste momento é que estão a fazer o transporte de norte a sul e vice-versa, os quais encaravam a cabotagem marítima como um concorrente directo aos seus serviços, dizendo que, no final, todos os transportes complementam-se.
“O transporte marítimo não pode, de forma alguma, dissociar-se do transporte rodoviário porque há muitos empresários interessados em movimentar as suas mercadorias via marítima, o que criará oportunidades para novos empreendimentos”, concluiu.


















