Crise pandémica atingiu o mercado de capitais

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A crise provocada pela pandemia da COVID-19 veio “deprimir as empresas e tornou o uso da bolsa de valores num desafio ainda maior”, revelou o PCA da Bolsa de Valores de Moçambique, Salim Valá, em entrevista ao O.Económico.

A situação adversa imposta pela pandemia da COVID-19 contribuiu para a redução do desempenho do mercado de capitais, que registou quedas nos principais indicadores da dinâmica deste mercado, designadamente, o índice de liquidez de mercado e o número de empresas cotadas.

Em 2020 houve redução do índice de liquidez em 2,3% comparativamente a 2019. E houve ainda redução das empresas cotadas de 11 para 10, em 2019 houve admissão de três empresas ao mercado de capitais.

Sobre as principais razões da fraca aderência à bolsa de valores pelas empresas moçambicanas, Salim Valá referiu que muitas empresas não têm se cotado à bolsa por razões de oportunidade, culturais e técnicas. Sobre as razões de oportunidade referiu que as grandes empresas têm robustez financeira que dispensa a ida ao mercado de capitais, ou recorrem a outros meios para se financiarem, não havendo, por conseguinte, necessidade delas se financiarem através da bolsa.

Por outro lado, observa Salim Valá, muitas empresas com necessidade de financiamento esbarram nos requisitos técnicos e legais para se cotarem a bolsa; “não são sociedades anónimas, não têm a dispersão accionista requerida ou não têm contabilidade organizada nem contas auditadas”. As razões de ordem cultural, referidas por Salim Valá, têm a ver com o desconhecimento do mercado de capitais por parte de alguns empresários.

Foi tendo em conta estes problemas que a BVM criou o terceiro mercado para preparar, durante dois anos, a entrada das empresas aos mercados oficiais da bolsa, o segundo mercado e o mercado de cotações oficiais.

Referindo-se a acções que podem propiciar maior dinamismo da BVM, Salim Valá frisou haver necessidade de se rever a regulamentação do mercado de capitais, por o actual se mostrar desajustado. “O principal instrumento regulador deste mercado é o Código de Valores Mobiliários que está em vigor desde 2009 e encontra-se descontextualizado às tendências e dinâmicas actuais das bolsas a nível mundial”, disse.

Ainda sobre as acções com vista a dinamizar a nossa praça financeira, o PCA da BVM, comentou, sobre a possibilidade de se liberalizar o mercado de capitais no médio prazo, o que “não só promoveria a viabilidade técnica e eficiência no funcionamento da bolsa como permitiria maior autonomia e flexibilidade de acção”.

Contudo, adverte Salim Valá, há ainda necessidade se ultrapassar as constantes crises que o país tem enfrentado e melhorar o padrão de vida da população para que a bolsa apresente uma boa performance pois,  esta tem a virtude de reflectir o desempenho da economia, sendo que a melhoria do custo de vida vai permitir as pessoas acumularem maiores poupanças e, quiçá,   investir em bolsa.

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