CTA Reitera Queixas Sobre Ambiente de Negócios e Pede Compromisso Real do Governo com Reformas

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Questões-Chave:

  • CTA denuncia falta de execução consistente e confiança mútua com o governo;
  • Pede prorrogação de benefícios fiscais para o sector agrícola e redução de encargos alfandegários;
  • Defende institucionalização do Diálogo Público-Privado e envolvimento prévio na produção legislativa;
  • Exige pagamento atempado das dívidas do Estado e políticas para mitigar a escassez de divisas;
  • Governo reage com promessas de reformas e linhas de financiamento para retoma económica.

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) voltou a levantar a voz, alertando para a ausência de uma execução consistente das políticas económicas e para o défice de confiança mútua entre o governo e o sector privado, considerados entraves centrais ao desenvolvimento de uma economia resiliente e competitiva.

Durante o 11.º Conselho de Monitoria do Ambiente de Negócios (CMAN), realizado esta manhã em Maputo com a presença da Primeira-Ministra Benvinda Levi, o Presidente da CTA, Álvaro Massingue, sublinhou que Moçambique dispõe de recursos, talento e visão, mas falta-lhe “um verdadeiro compromisso com reformas sérias”.

“As expectativas da CTA não são novas, mas são reiteradas com o mesmo vigor e esperança de sempre. O sector privado está pronto para ser um parceiro activo no desenvolvimento da economia nacional”, afirmou.

Propostas e Reclamações: Do Fiscal às Divisas

Entre os pontos centrais da intervenção da CTA estiveram:

  • Prorrogação do regime especial de 10% do IRPC para o sector agrícola, que expira em Dezembro, com receio de perda de competitividade e desincentivo ao investimento;
  • Redução dos custos de importação, incluindo a eliminação de encargos adicionais que anulam os efeitos das isenções aduaneiras;
  • Participação prévia na elaboração legislativa com impacto económico, criticando a aprovação apressada de leis sem consulta ao sector privado;
  • Criação de um regime especial para vistos de negócios e trabalho especializado, facilitando a atracção de investimento estrangeiro;
  • Cumprimento das obrigações do Estado com fornecedores e execução de decisões judiciais com impacto financeiro;
  • Resposta urgente à escassez de divisas, apelando à diversificação das exportações, substituição de importações e estímulo ao IDE;
  • Incentivo à industrialização, para deixar de exportar matérias-primas em bruto e gerar mais valor interno e emprego.

Proposta de Reestruturação do Diálogo Público-Privado

A CTA propõe que o Diálogo Público-Privado seja formalmente institucionalizado, com:

  • Reuniões técnicas sectoriais mensais;
  • Reuniões com ministros de tutela trimestrais;
  • Sessões com a Primeira-Ministra semestrais;
  • Um encontro anual com o Presidente da República.

Governo Reage com Medidas de Retoma

Em resposta, a Primeira-Ministra Benvinda Levi garantiu que o governo está empenhado em aprimorar o quadro legal e implementar reformas estruturantes, reconhecendo o sector privado como parceiro estratégico.

Anunciou, ainda, uma linha de financiamento de 10 mil milhões de meticais em parceria com a Associação Moçambicana de Bancos, e um Fundo de Recuperação Empresarial de cerca de 300 milhões de meticais, financiado pelo Banco Mundial, como parte das medidas para acelerar a retoma económica após os impactos das manifestações pós-eleitorais.

O encontro terminou com debates entre empresários e membros do governo, onde os operadores económicos insistiram na necessidade de uma actuação mais célere e transparente por parte das autoridades públicas, exigindo coerência entre os compromissos assumidos e a sua materialização efectiva no terreno.

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