Dólar Mantém-se Estável à Espera da Inflação dos EUA e da Decisão do BCE

0
63
Questões-Chave:
  • Dólar permanece firme, com índice a subir 0,1% para 97,91, enquanto os investidores aguardam dados cruciais da inflação norte-americana (CPI);
  • Euro inalterado em US$ 1,169225, antes da decisão do Banco Central Europeu (BCE), que deverá manter taxas estáveis;
  • Mercados antecipam corte de 25 pontos base pela Fed em Setembro, com pequena probabilidade (8,9%) de um corte mais agressivo de 50 pontos base;
  • Revisão dos dados do emprego nos EUA revelou 911 mil postos de trabalho a menos do que inicialmente estimado, reforçando expectativas de abrandamento económico;
  • No plano político, a administração Trump recorreu para tentar demitir a governadora da Fed, Lisa Cook, enquanto avança a nomeação de Stephen Miran, em mais um movimento de pressão sobre a autoridade monetária.

O dólar manteve-se estável esta quinta-feira, com os investidores em compasso de espera antes da publicação dos dados da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) e da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). As duas variáveis são cruciais para definir o rumo imediato das principais moedas globais, num contexto de abrandamento económico e crescentes pressões políticas sobre os bancos centrais.

O índice do dólar avançou ligeiramente, 0,1% para 97,91, revelando um mercado cauteloso antes da divulgação dos dados da inflação ao consumidor (CPI) norte-americano, esperados ainda hoje. O comportamento da moeda norte-americana reflecte a expectativa de que a Reserva Federal (Fed) avance com novos cortes de juros já em Setembro.

Segundo Michalis Rousakis, estratega de câmbio do Bank of America, “o grande evento é o CPI dos EUA… O mercado procura razões para reavaliar em baixa a Fed e pressionar o dólar”. A leitura dos preços ao consumidor será determinante para consolidar a percepção de que a política monetária entrará numa fase mais expansionista até ao final do ano.

Os investidores já dão como praticamente certa uma redução de 25 pontos base na reunião da Fed de 16 e 17 de Setembro, enquanto a hipótese de um corte de 50 pontos base é considerada remota, com apenas 8,9% de probabilidade segundo o CME FedWatch Tool. O Bank of America prevê ainda dois cortes adicionais até final de 2025, reforçando a perspectiva de uma política mais acomodatícia.

Os fundamentos para este reposicionamento foram reforçados pela recente queda inesperada dos preços à saída da fábrica (PPI) e pela revisão em baixa dos dados do mercado de trabalho, que revelaram a criação de menos 911 mil empregos entre Março de 2024 e Março de 2025 do que inicialmente estimado. Estes indicadores aumentaram a percepção de abrandamento económico, sustentando a tese de cortes de juros.

BCE em foco, euro estabiliza

Na Europa, o euro manteve-se estável em US$ 1,169225 antes da reunião de política monetária do BCE. A expectativa dominante é que a instituição mantenha as taxas de juro inalteradas, embora o tom da presidente Christine Lagarde seja observado com atenção pelos mercados.

Analistas do Commerzbank notaram que a reunião dificilmente trará novidades significativas para o par EUR/USD, embora o discurso de Lagarde possa surpreender, como aconteceu nas últimas duas conferências de imprensa, em que se mostrou mais hawkish do que o esperado. Contudo, dado que não se espera um corte de taxas antes de Junho de 2026, qualquer indicação clara sobre a trajectória da política monetária ainda é considerada prematura.

A estabilidade do euro segue-se a dois dias de perdas consecutivas, num contexto de persistentes tensões geopolíticas no flanco oriental europeu. A Polónia confirmou esta semana o abate de drones russos com apoio da NATO, o primeiro episódio em que aeronaves da aliança militar ocidental foram usadas directamente contra alvos da guerra na Ucrânia.

Pressões políticas sobre a Fed

Paralelamente, a administração do presidente Donald Trump tem procurado aumentar a sua influência sobre a Fed. Esta semana, recorreu da decisão judicial que suspendeu temporariamente a demissão da governadora Lisa Cook, considerada inédita na história da instituição. Em simultâneo, o Senado avançou com a nomeação de Stephen Miran como novo governador, embora a confirmação final permaneça incerta antes da próxima reunião da Fed.

Estes desenvolvimentos levantam preocupações adicionais sobre a independência do banco central norte-americano, numa altura em que a definição da trajectória de juros é vista como decisiva para o rumo da economia mundial.

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.