Fluxos de IDE para Economias em Desenvolvimento Caem para o Nível Mais Baixo Desde 2005

0
68

Questões-Chave

  • O IDE global caiu 11% em 2024, para 1,5 biliões de dólares, e a perspectiva para 2025 é negativa;
  • Nos países em desenvolvimento, o IDE caiu para cerca de 2% do PIB – menos de metade do pico de 2008;
  • Factores como tensões geopolíticas, fragmentação económica e políticas mais restritivas minam a confiança dos investidores;
  • Recomenda-se uma estratégia tripartida: atrair IDE, maximizar os seus benefícios e reforçar a cooperação global.

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE), outrora motor de transformação estrutural nos países em desenvolvimento, está em clara retracção, alertam os relatórios do Banco Mundial e da UNCTAD. A incerteza económica global, a fragmentação geopolítica e o endurecimento de políticas internas ameaçam a capacidade dos mercados emergentes de captar capital produtivo e sustentável.

Após ter atingido o valor de 5% do PIB nos países emergentes durante o pico em 2008, o IDE representa hoje apenas cerca de 2% da economia típica desses países. Em termos nominais, os fluxos para os mercados emergentes e em desenvolvimento (EMDEs) totalizaram 435 mil milhões de dólares em 2023, o nível mais baixo desde 2005.

Apesar de um aparente crescimento de 4% em 2024, tal variação é considerada ilusória, inflacionada por fluxos financeiros instáveis através de economias europeias utilizadas como veículos de transferência. O cenário para 2025 deteriorou-se drasticamente, com indicadores de projectos e negócios a atingir mínimos históricos no primeiro trimestre do ano.

Causas Estruturais e Conjunturais

A deterioração dos fluxos de IDE deve-se a um conjunto de factores interligados:

  • A escalada das tensões comerciais e geopolíticas, incluindo guerras e políticas proteccionistas;
  • O aumento da incerteza em matéria de políticas económicas e reformas estagnadas;
  • A queda no número de tratados de investimento e o crescimento de medidas restritivas em EMDEs;
  • A desaceleração da integração comercial e das cadeias de valor globais.

Mudanças Setoriais e Geográficas

O IDE para os EMDEs tem-se concentrado cada vez mais nos serviços (65% em 2019–2023), enquanto a quota do sector manufactureiro caiu para menos de 30% no mesmo período. Geograficamente, três países — China, Índia e Brasil — absorveram quase metade do total de IDE para EMDEs entre 2012 e 2023.

Impactos Económicos e Desigualdade de Efeitos

Segundo estimativas do Banco Mundial, um aumento de 10% no IDE pode elevar o PIB em apenas 0,3% em média, embora em economias com maior abertura comercial, instituições sólidas e menor informalidade, esse impacto possa ser quase três vezes superior. Países de baixo rendimento (LICs) permanecem em clara desvantagem estrutural.

Uma Estratégia Para Reverter a Tendência

Ambos os documentos recomendam uma estratégia tripartida:

  1. Atrair IDE, melhorando a qualidade institucional, promovendo estabilidade macroeconómica e reduzindo barreiras comerciais;
  2. Maximizar os benefícios do IDE, canalizando os fluxos para sectores com maior retorno social e ambiental, como infra-estruturas e digitalização;
  3. Reforçar a cooperação internacional, com apoio técnico e financeiro para reformas estruturais e instrumentos que reduzam o risco percebido pelos investidores.

O Banco Mundial destaca ainda o papel crucial de instituições multilaterais em mobilizar capital privado e criar condições de mercado mais favoráveis para os países em desenvolvimento.

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.