
Indústria Aérea Global Reduz Previsão de Lucros Para 2025 Devido a Tensões Comerciais e Atrasos na Produção de Aeronaves
Questões-Chave:
- IATA reduz previsão de lucros da aviação global para 2025 em 1,6%, para 36 mil milhões de dólares;
- Receita global estimada para o sector desce para 979 mil milhões de dólares, abaixo do esperado;
- Lucro por passageiro equivale a apenas 7,20 dólares por segmento, revelando frágil margem operacional;
- Tensões comerciais e medidas proteccionistas afetam negativamente a procura por viagens e o transporte de carga;
- Atrasos "inaceitáveis" na entrega de aeronaves elevam os custos operacionais e comprometem planos de crescimento.
A indústria da aviação comercial enfrenta um cenário de incerteza em 2025, com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) a rever em baixa a previsão de lucros globais para o sector, afectado por um contexto marcado por tensões comerciais, queda da confiança dos consumidores e perturbações nas cadeias de abastecimento. Apesar do crescimento da procura e da queda do preço do petróleo, os obstáculos estruturais ameaçam travar o ímpeto de recuperação pós-pandemia.
A IATA anunciou, durante a sua assembleia anual em Nova Deli, uma revisão da previsão de lucros da indústria aérea global para o ano de 2025, reduzindo-a para 36 mil milhões de dólares, contra os 36,6 mil milhões anteriormente estimados. A redução de 1,6% reflete o impacto de novas tarifas comerciais e de um abrandamento generalizado da confiança dos consumidores, especialmente nos Estados Unidos, onde os gastos discricionários têm vindo a ser retraídos.
Apesar da revisão, os lucros ainda deverão aumentar face aos 32,4 mil milhões de dólares registados em 2024, impulsionados por níveis recorde de passageiros e pela estabilização dos preços dos combustíveis. No entanto, o lucro médio por passageiro por segmento permanece baixo, nos 7,20 dólares, evidenciando a fragilidade financeira de muitas companhias.
“Gerar 36 mil milhões de dólares de lucro é significativo. Mas esse valor representa apenas 7,20 dólares por passageiro por segmento – um amortecedor ténue contra choques de procura ou novos impostos”, declarou Willie Walsh, Director-Geral da IATA.
A associação, que representa cerca de 300 companhias aéreas responsáveis por mais de 80% do tráfego aéreo mundial, alertou também para o impacto dos atrasos na entrega de aeronaves, que obrigam muitas companhias a manter aviões antigos em operação, ou a recorrer a peças de substituição cada vez mais escassas e dispendiosas. Estes constrangimentos logísticos elevam os custos operacionais e comprometem a expansão da oferta num momento em que a procura volta a crescer.
Do lado das receitas, a IATA reviu igualmente em baixa a previsão para 2025, apontando agora para um total de 979 mil milhões de dólares, uma queda de 2,1% face à estimativa anterior, embora ainda se mantenha como o maior valor de sempre para o sector.
Fragmentação Comercial e Pressão Sobre o Consumidor
A retórica proteccionista e o aumento de barreiras comerciais – intensificados pela nova administração norte-americana – têm implicado consequências diretas para o sector da aviação, que se vê afectado pela diminuição das viagens internacionais, atrasos na circulação de mercadorias e menor investimento empresarial.
“O voo torna o mundo mais próspero. Em contraste, o isolacionismo, as barreiras comerciais e a fragmentação do sistema multilateral destroem riqueza e baixam o nível de vida”, defendeu Walsh, sublinhando que os sinais actuais devem servir de alerta para os decisores políticos.
A IATA alertou ainda para o impacto potencial de tarifas adicionais sobre aeronaves e peças sobressalentes, que podem aumentar ainda mais os preços finais para os consumidores. A pressão recai, inevitavelmente, sobre os passageiros, que podem enfrentar bilhetes mais caros num futuro próximo.
No segmento de carga, prevê-se uma queda de 4,7% nas receitas para 142 mil milhões de dólares em 2025, reflexo do abrandamento do comércio global e das medidas proteccionistas.
O panorama de 2025 revela uma indústria aérea em contradição: com procura crescente e receitas recorde, mas pressionada por factores externos que comprometem a sua rentabilidade e capacidade de expansão. A combinação entre barreiras comerciais, atrasos industriais e fragilidade económica exige respostas coordenadas entre governos, reguladores e operadores para evitar que a aviação – símbolo de conectividade e desenvolvimento – se torne vítima colateral de um novo ciclo de fragmentação global.
Petróleo Sobe 2,5% Após Sanções Dos EUA Às Gigantes Russas Rosneft E Lukoil
23 de Outubro, 2025
Mais notícias
-
FOCAC 2024: A nova agenda Sino-Africana em Meio a desafios económicos globais
2 de Setembro, 2024
Sobre Nós
O Económico assegura a sua eficácia mediante a consolidação de uma marca única e distinta, cujo valor é a sua capacidade de gerar e disseminar conteúdos informativos e formativos de especialidade económica em termos tais que estes se traduzem em mais-valias para quem recebe, acompanha e absorve as informações veiculadas nos diferentes meios do projecto. Portanto, o Económico apresenta valências importantes para os objectivos institucionais e de negócios das empresas.
últimas notícias
-
Tribunal Administrativo Aponta Irregularidades Nas Contas Do Estado De 2024
24 de Outubro, 2025
Mais Acessados
-
Economia Informal: um problema ou uma solução?
16 de Agosto, 2019 -
LAM REDUZ PREÇO DE PASSAGENS EM 30%
25 de Maio, 2023














