
Moçambique deve proteger a indústria do algodão para travar a perda de empregos e atrair investimento – Manuel Delgado, DG da SAN
O subsector do algodão em Moçambique enfrenta uma conjuntura crítica, marcada por uma quebra acentuada na actividade empresarial e risco iminente de destruição de postos de trabalho, sobretudo entre os jovens. O alerta foi lançado por Manuel Delgado, Director-Geral da Sociedade Algodoeira do Niassa (SAN), em entrevista ao diário “Noțícias”, na qual defende uma actuação firme do Estado para revitalizar o chamado ouro branco.
Segundo o gestor, o País viu o número de empresas do sector algodoeiro reduzir-se de 13 para apenas três unidades operacionais, o que reflecte o desinteresse gerado por condições de mercado adversas, ausência de incentivos e práticas como o contrabando transfronteiriço de matéria-prima.
Cadeia de valor ameaçada
“O algodão é, neste momento, a cultura com a maior cadeia de valor em Moçambique”, afirmou Delgado, destacando que a SAN, baseada no distrito de Cuamba, continua empenhada no aumento da produção, mesmo perante os efeitos de fenómenos climáticos extremos que afectam as províncias do Niassa e Nampula.
A situação é agravada pela crescente actividade de contrabando para o Malawi, onde comerciantes aliciam produtores moçambicanos com preços mais atractivos, evitando o cumprimento dos contratos com as empresas fomentadoras nacionais. O fenómeno tem-se intensificado em zonas fronteiriças como Cuamba, Mandimba, Mecanhelas e Ngaúma, beneficiando-se da porosidade das fronteiras terrestres.
Subsídios e protecção para revitalizar o sector
Na entrevista, Manuel Delgado afirmou que, para inverter a tendência, Manuel Delgado é necessário a adopção de subsídios ao preço de comercialização como forma de atrair e fidelizar os produtores, tal como já acontece em países líderes na produção de algodão-caroço.
“Os maiores produtores mundiais do algodão-caroço implementaram políticas de incentivo aos agricultores. Não temos outra opção senão seguir o mesmo caminho se quisermos preservar os empregos actuais e criar novas oportunidades”, sublinhou.
Além disso, propõe um reforço da vigilância fronteiriça, para combater a saída ilegal da produção nacional e assegurar o cumprimento de contratos internos. Para Delgado, qualquer nó de estrangulamento no escoamento, financiamento ou fidelização dos produtores compromete os objectivos de aumento da produção e inclusão socioeconómica.
Produção estagnada e risco de colapso
Nos últimos anos, a produção nacional de algodão-caroço tem oscilado entre 10 mil e 15 mil toneladas, sustentada sobretudo por pequenos agricultores familiares que reconhecem o contributo da cultura para o seu sustento e para a geração de divisas para o país. No entanto, a ausência de estímulos consistentes poderá comprometer esse frágil equilíbrio.
“É preciso intervir com medidas firmes. A protecção da indústria do algodão deve ser estratégica, não só para preservar empregos, mas também para consolidar uma cultura de exportação com elevado valor acrescentado”, concluiu o responsável da SAN.
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