Mundo respira de alívio após Trump recuar nos ataques à Fed e manter apoio ao FMI

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  • Trump retira ameaça de demitir o presidente da Fed, Jerome Powell;
  • EUA reafirmam permanência no FMI e no Banco Mundial;
  • Alívio nos mercados financeiros após semanas de elevada volatilidade;
  • Preocupações persistem sobre a estabilidade do sistema financeiro global;
  • Mundo respira de alívio após Trump recuar nos ataques à Fed e manter apoio ao FMI
  • Preservação do sistema centrado no dólar e nas instituições de Bretton Woods reforça estabilidade global, apesar de persistirem riscos de politização
  • Não existe alternativa imediata ao dólar como moeda de reserva internacional.

A decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de recuar nas ameaças contra a Reserva Federal e reafirmar o compromisso com o FMI e o Banco Mundial foi recebida com alívio pelos líderes globais reunidos em Washington. Contudo, subsistem preocupações sobre a resiliência do sistema financeiro internacional e a dependência excessiva do dólar norte-americano.

Durante as reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, realizadas em Washington, líderes económicos e financeiros de todo o mundo expressaram um suspiro de alívio perante sinais de recuo de Donald Trump relativamente à sua postura agressiva sobre instituições centrais do sistema económico global.

Após semanas de ataques públicos à Reserva Federal e ameaças de despedimento do seu presidente, Jerome Powell, Trump moderou o tom, aliviando tensões num momento em que o sistema financeiro já dava sinais de crescente instabilidade.

“Esta semana foi de alívio cauteloso”, declarou Robert Holzmann, Governador do Banco Central da Áustria. “Houve uma viragem, mas mantenho reservas quanto à sua durabilidade.”

Simultaneamente, a administração norte-americana reiterou que os EUA continuarão a ser membros do FMI e do Banco Mundial, afastando temores de um eventual enfraquecimento das instituições criadas em Bretton Woods em 1944.

O papel insubstituível do dólar e das instituições multilaterais

Apesar da crescente popularidade do euro como segunda moeda de reserva, responsáveis políticos e financeiros reafirmaram que não existe, para já, alternativa viável ao dólar como pilar do sistema monetário internacional.

O euro enfrenta limitações estruturais: a sua zona monetária é composta por países com perfis económicos e políticos heterogéneos, e, como afirmou um responsável europeu, “apenas a Alemanha tem hoje a robustez exigida para ser considerada porto seguro global”.

Por sua vez, o Japão é considerado demasiado pequeno e a moeda chinesa, o renminbi, é vista como excessivamente controlada e ainda longe de ser plenamente convertível.

“O dólar continua a ser absolutamente crucial”, declarou o Ministro das Finanças da Polónia, Andrzej Domanski. “Estamos felizes que os EUA permaneçam nas instituições multilaterais.”

A simples ideia de um eventual colapso da Fed ou da retirada dos EUA do FMI e do Banco Mundial colocaria em causa 25 biliões de dólares em obrigações e empréstimos internacionais — um cenário que, segundo analistas, é “praticamente impensável” no curto prazo.

Mercados reagem positivamente, mas incertezas persistem

A atitude mais moderada de Trump ajudou a estabilizar temporariamente os mercados: o dólar recuperou algumas perdas, as acções norte-americanas valorizaram e o sentimento de risco global atenuou-se.

No entanto, analistas como Nathan Sheets, economista-chefe do Citi, alertam que a crise recente pode ter sido um “choque disciplinador” que obrigou a administração Trump a reconhecer os custos potenciais de atravessar certas linhas vermelhas.

“Quando Trump falou em despedir Jay Powell e os mercados reagiram violentamente, isso forçou um recuo. Lembrou à administração que a estabilidade não pode ser garantida se se ultrapassarem certos limites”, referiu Sheets.

Apesar do alívio, poucos acreditam num regresso ao status quo anterior. Dependências estruturais — como o domínio das empresas norte-americanas em sectores estratégicos (cartões de crédito, satélites, tecnologia) — continuam a alimentar debates sobre a vulnerabilidade sistémica da economia global.

O recuo de Donald Trump em relação à Fed e ao sistema de Bretton Woods evitou, para já, uma crise de confiança sistémica.
No entanto, o episódio expôs as fragilidades latentes do actual modelo financeiro internacional, ancorado numa hegemonia que muitos consideram ser tanto uma garantia de estabilidade como uma fonte de risco futuro.

O desafio para os líderes globais, a partir de agora, será encontrar mecanismos para reforçar a resiliência do sistema sem precipitar rupturas que poderiam ser catastróficas.

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