Os perigos actuais para o sector privado

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_As empresas estão expostas a três eminentes choques simultâneos, aumento dos preços dos alimentos, aumento dos preços de combustíveis e condições financeiras mais restritivas, revela a Confederação das Associações Económicas.

Trata-se, fundamentalmente, de choques externos associados as repercussões do conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia, que desencadearam um agravamento nos preços das commodities ao nível global e, em última instância, levaram a uma postura mais restritiva da política monetária para conter as pressões inflacionárias.

Agostinho Vuma, Presidente da CTA

Com o agravamento dos constrangimentos na cadeia de abastecimento das principais commodities de importação do país no mercado internacional, mormente os combustíveis líquidos e os bens alimentares, com peso considerável no cabaz do nosso Índice de Preços no Consumidor (IPC), o sector privado não só experimentou um agravamento da sua estrutura de custos como também passou a enfrentar dificuldades na obtenção de crédito devido as condições financeiras mais restritivas.

O impacto é particularmente relevante nos sectores que, devido ao facto de estarem a operar com preços fixados “administrativamente”, não podem fazer o reajuste do preço nos seus produtos de modo a repercutir os aumentos que vem sendo observados na suas matérias-primas/principais insumos. A indústria panificadora e o sector de transportes são exemplos desses sectores.

Na sequência da eminente crise de alimentos, os países exportadores dos principais produtos alimentares, com destaque para o trigo, óleos, milho e açúcar, iniciaram uma nova corrente de protecionismo que, além de desencadear pressões inflacionárias no mercado global, ameaça a segurança alimentar dos países importadores.

No caso da economia moçambicana, segundo estimativas da CTA, a nova onda de protecionismo iniciada, envolvendo mais de 15 países,  37,0 milhões de dólares norte-americanos de produtos alimentares importados estão ameaçados. Ao nível das importações ameaçadas, o destaque vai para o trigo, com cerca de 36% dos mercados fornecedores fechados, colocando o País na busca de mercados alternativos.

Paralelamente, o país, e a semelhança do que ocorre a nível global, regista um a tendência apreciativa dos preços dos combustíveis. Embora o mercado nacional ainda disponha de quantidades suficientes para fazer face a procura existente, e não obstante os esforços do Governo para mitigar a situação através do pagamento de compensações às gasolineiras, os recentes agravamentos não só tem tornado o seu acesso incomportável pelo público como também tem tornado insustentável o desenvolvimento das actividades em outros sectores, caso dos transportes que tiveram seus custos operacionais substancialmente alterados. A situação é tal que, os transportadores sentem-se penalizados, estando até em conversações com o Governo para um reajuste da tarifa de transportes, segundo informações avançadas pelo vice-presidente da Federação dos Transportes Rodoviários, Sancho Simão.

Governo deve intervir

Face a este agravamento nas condições operacionais, o sector privado entende ser urgente e premente uma intervenção do Governo no sentido de mitigar o impacto dos referidos choques, distribuindo os seus impactos por todas as “camadas da sociedade”.

O pacote de medidas proposto compreende desde a formação de parcerias até intervenções mais directas, através do fisco. Por exemplo, no que refere a subida dos preços dos alimentos, entende-se que uma coordenação com empresas, e países produtores dos produtos alimentares para negociação e celebração de acordos de fornecimento pode, a curto prazo, ajudar a mitigar o problema, enquanto são promovidas parcerias para a produção e desenvolvimento da cadeia de valor de cereais no País a médio prazo.

Relativamente a subida do preço dos combustíveis, o sector privado entende que medidas fiscais para aliviar o peso do IVA na importação combustível, estimado em 11% no preço final do litro de combustível, e o IVA ao distribuidor, estimado em 13% no preço final, conjugadas com uma medida temporária de criação de depósitos nos terminais para a aquisição do combustível em grupo ao distribuidor, beneficiando-se, assim, do preço baixo, possam ajudar a mitigar o problema a curto prazo.

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