
Parque Industrial de Beluluane: 24 anos de trilhando o caminho do resgate das manufacturas em Moçambique
O Parque Industrial de Beluluane (PIB) celebrou recentemente os seus 24 anos de existência, posicionando-se como uma referência no processo de industrialização de Moçambique. Criado em 1999 para apoiar o megaprojeto da Mozal, o parque evoluiu significativamente ao longo das últimas duas décadas, deixando de ser apenas um suporte para a fundição de alumínio e tornando-se num polo industrial diversificado. Esta diversificação, segundo Onório Manuel, Director Executivo da MozParks, é a chave para o sucesso do modelo, que hoje atrai tanto investidores nacionais como internacionais.
“Quando criámos o Parque Industrial de Beluluane, em 1999, a nossa missão era suportar o projecto da Mozal. De 2000 a 2005, quase 100% das empresas instaladas no parque estavam direccionadas a dar suporte ao megaprojecto. Mas percebemos que, para maximizar o impacto, o parque teria de se diversificar e abrir-se a novos mercados”, explica Onório Manuel. Essa mudança estratégica resultou num crescimento exponencial: actualmente, mais de 60 empresas estão instaladas no parque, criando mais de 10 mil postos de trabalho e contribuindo com cerca de 40% para o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria transformadora do País.
O modelo de Beluluane, que combina o apoio a megaprojetos com o desenvolvimento de indústrias locais, tem sido elogiado como uma abordagem eficaz para o contexto económico de Moçambique. Manuel defende que este tipo de parque industrial pode ser replicado noutras regiões do país, como já está a ser feito em Topuito (ligado ao projeto da Kenmare) e Palma (ligado aos projectos de gás da Total e ExxonMobil). “Olhamos para o modelo de desenvolvimento de parques industriais à volta dos megaprojectos como um mecanismo através do qual Moçambique deve apostar. O nosso parque mostrou que este modelo é funcional”, sublinha.

Modelo de Industrialização Sustentável
No contexto de um país que ainda depende em grande parte da exportação de matérias-primas, o Parque Industrial de Beluluane apresenta-se como um exemplo de como se pode agregar valor localmente, em vez de depender da importação de produtos manufacturados. Manuel explica que o sucesso do parque se deve à sua capacidade de atrair empresas que fabricam localmente os produtos que o País antes importava, reduzindo assim a dependência externa. “Cada contentor que chega aos nossos portos com bens manufacturados é menos uma oportunidade para os moçambicanos”, alerta o executivo.
Este foco na produção local não se limita aos produtos necessários para a Mozal. Hoje, o parque abriga empresas que fabricam materiais de construção, componentes para a indústria de petróleo e gás e até produtos agroindustriais. Segundo Onório Manuel, “conseguimos ao longo dos 24 anos traduzir o parque na casa de investidores industriais que tivessem como foco o mercado doméstico e internacional”.
A replicação deste modelo em outros pontos do País é uma das prioridades da MozParks, que já está a desenvolver parques industriais em Nampula e Cabo Delgado. “Passados 24 anos, olhamos para este modelo como algo que Moçambique deve continuar a explorar”, afirma Manuel. O objectivo, segundo o Director, é criar mais 20 parques industriais nos próximos 10 anos, transformando o País num polo industrial de referência na África Austral.
Desafios e oportunidades para a expansão
No entanto, nem tudo são facilidades. O sucesso de Beluluane também trouxe à tona desafios importantes, como a necessidade de infraestruturas adequadas e a formação de mão de obra qualificada. Apesar disso, Onório Manuel mantém-se optimista: “Moçambique tem potencial, mas precisa de uma visão estratégica para captar investimentos e desenvolver os sectores com maior capacidade de gerar valor”.
O Parque Industrial de Beluluane pode ser a chave para o futuro da industrialização em Moçambique, mas a sua replicação dependerá de um esforço coordenado entre o sector público e privado. “Estamos prontos para expandir este modelo, mas o país também precisa de políticas públicas que favoreçam o ambiente de negócios e incentivem a produção local”, conclui.
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