Petróleo Sobe com Novas Sanções ao Irão e Margens de Refinação Fortes

0
110

Os preços do petróleo registaram uma nova valorização, impulsionados pelas recentes sanções dos Estados Unidos ao Irão e pelo fortalecimento das margens de refinação a nível global. Apesar do movimento positivo, a incerteza sobre a procura global limita ganhos significativos, num contexto de tensões comerciais e políticas internacionais.

Sanções dos EUA e Impacto na Oferta Global

Na segunda-feira (24 de Fevereiro), o governo norte-americano impôs novas sanções a mais de 30 empresas e indivíduos envolvidos na comercialização e transporte de petróleo iraniano. A medida faz parte de um esforço contínuo para restringir a capacidade do Irão de exportar crude, com o objectivo de reduzir as exportações iranianas a zero.

O Irão, que é actualmente o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), registou uma produção de 3,2 milhões de barris por dia (bdp) em Janeiro de 2025, segundo um levantamento da agência Reuters. A imposição de sanções pode resultar numa redução da oferta disponível no mercado internacional, exercendo pressão ascendente sobre os preços do petróleo.

“A recente decisão dos EUA de sancionar operadores do mercado petrolífero iraniano pode criar uma base de suporte para o preço do crude. A restrição na oferta, combinada com o compromisso do Iraque em controlar o seu excesso de produção, pode consolidar esta tendência”, afirmou o analista Tony Sycamore, da IG Markets.

Margens de Refinação Mantêm-se Elevadas

Outro factor que contribui para a valorização do petróleo é o desempenho positivo das margens de refinação, particularmente no Golfo dos EUA e no Noroeste da Europa. De acordo com analistas, a elevada procura por óleo de aquecimento, impulsionada por um período de frio intenso, tem mantido os preços dos produtos refinados em níveis elevados.

Em Singapura, um dos principais hubs de refinação da Ásia, a margem de refinação do crude Dubai atingiu uma média de 3,5 dólares por barril em Fevereiro, comparado com 2,3 dólares por barril no mês anterior, segundo dados da LSEG Pricing.

“As margens complexas de refinação continuam a mostrar força, apoiadas pela valorização dos produtos destilados e do fuelóleo. Isso tem sido particularmente notável nas refinarias da costa do Golfo dos EUA e na Europa”, comentou o analista Neil Crosby, da Sparta Commodities.

Tensões Comerciais e Perspectivas para a Procura Global

Apesar dos factores de suporte à valorização do petróleo, existem incertezas quanto à procura global, o que limita ganhos mais expressivos. Entre os principais pontos de preocupação estão:

  • Tensões comerciais entre os EUA, Canadá e México: O Presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou que novas tarifas sobre importações canadianas e mexicanas entrarão em vigor a 4 de Março, ignorando os apelos dos parceiros comerciais para uma revisão da medida. O impacto destas tarifas poderá reduzir a procura global de petróleo, devido ao potencial abrandamento económico na região.
  • Guerra na Ucrânia e Relações EUA-Rússia: Enquanto a Ucrânia marcou o terceiro aniversário da invasão russa com o apoio de líderes europeus, os EUA mantiveram uma postura mais distante, sinalizando um possível reaproximar de Washington com Moscovo. O mercado interpreta esta mudança como um indício de que as sanções ao petróleo russo podem ser revistas no futuro, o que poderia aumentar a oferta global e pressionar os preços para baixo.
  • Impacto nas Decisões da OPEP+: A possibilidade de uma redução na procura global pode influenciar as próximas decisões da OPEP+, que tem ajustado os seus níveis de produção para equilibrar o mercado.

Cotações do Petróleo no Mercado Internacional

Na sessão de terça-feira (25 de Fevereiro), os preços do petróleo registaram ganhos pelo segundo dia consecutivo:

  • O Brent avançou 0,5%, atingindo 75,16 dólares por barril.
  • O West Texas Intermediate (WTI) subiu 0,7%, para 71,17 dólares por barril.

Ambos os contratos recuperaram após uma queda de 2 dólares na última sexta-feira, evidenciando a volatilidade do mercado diante das incertezas geopolíticas e económicas.

O mercado petrolífero continua a ser fortemente influenciado por eventos geopolíticos e decisões regulatórias. As novas sanções ao Irão e o fortalecimento das margens de refinação oferecem suporte aos preços, mas as preocupações com a procura global e possíveis ajustes nas sanções à Rússia adicionam um elemento de incerteza.

Nos próximos meses, o comportamento dos preços dependerá da evolução das tensões comerciais entre os EUA e os seus parceiros, da postura da OPEP+ e das decisões políticas em torno das sanções ao petróleo russo e iraniano. O mercado continua a acompanhar de perto os desdobramentos destes factores para antecipar tendências futuras

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.