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O Projecto PSA (Production Sharing Agreement), liderado pela Sasol, entrou na sua fase final de construção, marcando a transição para a operação das infra-estruturas que garantirão a produção de 23 milhões de gigajoules de gás por ano. Este gás será utilizado para alimentar a Central Térmica de Temane (CTT), que produzirá 450 MW de electricidade, além de uma fábrica de gás de cozinha (GPL) com capacidade de 30 mil toneladas anuais, cobrindo 75% da demanda nacional. O projecto também prevê a produção de petróleo leve e gás excedente para exportação, segundo um relatório da Sasol.

Com o avanço das obras, o projecto está a reduzir gradualmente o número de trabalhadores envolvidos na construção das infra-estruturas. De acordo com a Sasol, no auge das actividades, em 2023, o projecto empregou cerca de 3.100 trabalhadores, sendo 70% provenientes dos distritos de Inhassoro, Govuro e Vilankulo. No entanto, o número de trabalhadores caiu para 2.216 no final de 2024 e continuará a diminuir conforme os trabalhos especializados substituem a fase de construção civil.

Recrutamento e Gestão da Mão-de-obra

O recrutamento no âmbito do Projecto PSA foi realizado por meio do Grupo de Trabalho Conjunto para o Emprego (GTCE), uma estrutura criada pelos Acordos de Desenvolvimento Local para garantir transparência na selecção dos trabalhadores. O GTCE é composto por representantes das comunidades locais, do governo distrital e da Sasol, funcionando como um centro de recrutamento local.

Os candidatos da comunidade foram classificados em três categorias: qualificados (técnicos treinados), semi-qualificados (motoristas, operadores) e não qualificados (trabalhadores gerais). Mesmo sem anúncio de vagas, os candidatos puderam submeter os seus currículos nos Centros de Emprego. A empresa contratante realizava entrevistas e encaminhava os resultados ao Comité de Emprego. Caso não houvesse candidatos adequados na comunidade, as vagas eram abertas ao nível nacional.

A estrutura do GTCE inclui representantes das comunidades e do governo dos distritos afectados, além de técnicos da Sasol e do Instituto Nacional de Emprego (INEP). Desde 2022, dois membros da comunidade e uma técnica de emprego trabalham a tempo integral na estrutura, recebendo subsídios pagos pela Sasol. Os relatórios de recrutamento são elaborados pelo GTCE desde 2021, garantindo transparência no processo.

Impacto da Desmobilização no Mercado de Trabalho

A transição para a fase operacional do projecto está a gerar um impacto significativo na mão-de-obra. A redução progressiva de empregos afectará, sobretudo, os trabalhadores das comunidades locais. Para minimizar os efeitos desta desmobilização, a Sasol e o INEP criaram uma base de dados onde os trabalhadores registados terão prioridade para futuras oportunidades laborais na região e noutras partes do país.

Em Dezembro de 2024, a distribuição da força de trabalho ainda empregada no projecto apresentava a seguinte composição: 55% de trabalhadores provenientes de Govuro, Inhassoro e Vilankulo, 28% de outras regiões da província de Inhambane, 12% de outras partes do país e 5% de estrangeiros, segundo a Sasol.

A desmobilização da mão-de-obra é um processo natural na conclusão da construção de grandes projectos industriais, mas levanta desafios para as comunidades locais que beneficiaram do emprego gerado. A Sasol diz estar comprometida em  continuar a apoiar iniciativas de empregabilidade e formação profissional, enquanto o governo e as autoridades locais avaliam formas de integrar os trabalhadores em novos projectos no sector energético e noutras indústrias.

O sucesso do Projecto PSA na fase operacional dependerá agora da eficácia das infra-estruturas desenvolvidas e da capacidade de manter um impacto positivo nas comunidades locais, equilibrando a exploração de recursos com o desenvolvimento económico sustentável da região.

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