Qualidade e Competitividade: Como Moçambique enfrenta os obstáculos da certificação
O Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), tem estado a desdobrar-se em acções em prol da promoção da certificação e da normalização em Moçambique. Um tema fulcral quando se aborda meteria ligadas a competitividade e sustentabilidade do tecido empresarial nacional de pequena e média dimensão.
Em entrevista ao “Semanário Económico”, Geraldo Albazine, Director-Geral do INNOQ, destacou os progressos e os desafios que as empresas enfrentam para aderir a padrões internacionais de qualidade, fundamentais para aumentar a competitividade nos mercados interno e externo.
“A certificação é um processo de reconhecimento que comprova a conformidade de uma organização com normas específicas, como a ISO 9001 (gestão da qualidade), 14001 (gestão ambiental) e 45001 (segurança ocupacional)”, explicou Albazine. Ele enfatizou que este processo não apenas melhora a qualidade dos produtos e serviços, mas também facilita o acesso a mercados mais exigentes e a grandes projectos.
Apesar de sua relevância, Moçambique conta actualmente com apenas cerca de 200 empresas certificadas, um número muito baixo considerando o universo empresarial do País. Albazine reconheceu: “Estamos ainda muito aquém do desejável. Embora tenhamos registado progressos, há muito por fazer.”
Principais desafios
- Custos Elevados
“O custo é uma das maiores barreiras”, apontou Albazine. Ele explicou que, embora as capacitações oferecidas pelo INNOQ sejam acessíveis, a implementação e as auditorias podem representar despesas significativas. “Mesmo com custos baixos para as capacitações – cerca de 22.500 meticais por pessoa – muitas pequenas empresas ainda enfrentam dificuldades financeiras para aderir ao processo”, detalhou.
- Falta de obrigatoriedade
“A certificação é voluntária, e isso reduz o incentivo para muitas organizações”, explicou o Director. Segundo ele, as empresas frequentemente só buscam a certificação quando esta é exigida por clientes ou contratos específicos, o que limita a adesão generalizada.
- Percepção Limitada
Albazine também apontou para uma percepção equivocada sobre a certificação: “Muitas empresas não entendem que a certificação é um investimento estratégico. Os benefícios aparecem a médio e longo prazo, mas a falta de resultados imediatos afasta algumas organizações.”
Iniciativas do INNOQ
Para enfrentar esses desafios, o INNOQ tem promovido a sensibilização junto ao sector privado e fortalecido parcerias. “Estamos a trabalhar com entidades como o Banco Mundial e a União Europeia para apoiar empresas na implementação de normas”, destacou Albazine. Uma das iniciativas recentes visa certificar 52 empresas com suporte internacional. Segundo ele, “já foram realizadas capacitações e estamos na fase de auditorias.”
Albazine também enfatizou a importância do associativismo como forma de reduzir custos: “Quando pequenas empresas se organizam em associações, podem partilhar custos de consultoria e outros recursos, tornando o processo mais viável.”
Relação com o selo “Made in Mozambique”
O selo “Made in Mozambique” tem como objectivo promover produtos nacionais. Albazine explicou que, embora a certificação não seja obrigatória para obter o selo, “ela oferece uma vantagem competitiva significativa. A certificação demonstra conformidade com padrões de qualidade e ajuda a captar a preferência dos consumidores.”
Preparativos para o Comércio Livre Africano
Com a entrada em vigor da Zona de Comércio Livre Continental Africana, a harmonização de normas técnicas entre os países africanos torna-se crucial. “Estamos a trabalhar para alinhar normas e preparar as empresas moçambicanas para competir em pé de igualdade com parceiros regionais”, afirmou Albazine. Ele destacou que a aplicação de normas técnicas é o primeiro passo para a integração bem-sucedida neste novo mercado.
Tendências e expectativas
O Director expressou optimismo em relação ao futuro: “Estamos a registar um crescimento anual de cerca de 5% no número de empresas certificadas, o que é encorajador. Com o apoio de parceiros e a maior conscientização do sector privado, esperamos avançar ainda mais.”
Albazine destacou que a certificação é essencial para melhorar a qualidade e a competitividade das empresas moçambicanas. “Apesar dos desafios, estamos no caminho certo para transformar a normalização e a qualidade em pilares estratégicos do desenvolvimento económico”, concluiu. A entrevista ao “Semanário Económico” sublinhou a importância de uma abordagem colaborativa entre o sector público, privado e os parceiros internacionais para enfrentar os desafios e capitalizar as oportunidades de crescimento.
O Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), liderado por Geraldo Albazine, tem desempenhado um papel central na promoção da certificação e da normalização em Moçambique. Em entrevista ao “Semanário Económico”, Albazine destacou os progressos e os obstáculos que as empresas enfrentam para aderir a padrões internacionais de qualidade, fundamentais para aumentar a competitividade nos mercados interno e externo.
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