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South32, dona da Mozal, vê tarifas dos EUA sobre alumínio como tática de negociação

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  • South32 superou as estimativas ao apresentar um lucro líquido de 375 milhões de dólares no primeiro semestre

A mineradora australiana South32 considera que as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o alumínio são mais uma estratégia de negociação do que uma política económica de longo prazo. A avaliação foi feita pelo CEO da empresa, Graham Kerr, durante a apresentação dos resultados financeiros do primeiro semestre.

A South32, que produz alumínio no Brasil, África do Sul e Moçambique, exporta parte da sua produção sul-africana para os Estados Unidos e vê pouca possibilidade de que as tarifas causem um impacto significativo na colocação dos seus produtos.

“O desafio com todas as tarifas é perceber quanto tempo elas durarão. Para mim, trata-se mais de uma tática de negociação do que de uma política estrutural de longo prazo”, afirmou Kerr.

Lucro cresce nove vezes impulsionado pelo alumínio e cobre

A South32 superou as estimativas dos analistas ao apresentar um lucro líquido de 375 milhões de dólares no primeiro semestre, do ano fiscal de 2025 (Julho – Dezembro de 2024, dado que a empresa segue o calendário fiscal australiano),  um aumento de 900% em relação aos 40 milhões de dólares registados no ano anterior. O desempenho foi impulsionado por maiores vendas de alumínio e cobre, além da valorização dos preços das commodities.

Os ganhos operacionais da divisão de alumínio aumentaram 160 milhões de dólares, devido à escassez no mercado de alumina e ao consequente aumento dos preços. No entanto, Kerr alertou que os preços da alumina podem continuar a cair, estabilizando-se entre 400 e 500 dólares por tonelada, à medida que os problemas de fornecimento na Guiné e Austrália forem resolvidos.

O segmento de cobre também apresentou um desempenho robusto, com um aumento nos ganhos de 98 milhões de dólares, impulsionado pela redução dos custos laborais e pela valorização do metal no mercado internacional.

Como reflexo dos bons resultados, a South32 anunciou um dividendo interino de 3,4 cêntimos por ação, muito acima dos 0,4 cêntimos distribuídos no ano anterior.

Perspectivas para Moçambique e ajustes na produção da Mozal

A empresa reinstalou suas previsões de produção para o exercício fiscal de 2026, mas fez ligeiros cortes nas estimativas para este ano na fundição Mozal Aluminium, em Moçambique.

Em Dezembro, a South32 retirou as suas previsões de produção para a Mozal devido a preocupações com a instabilidade política e social no país. No entanto, agora considera que o cenário melhorou e ajustou moderadamente para baixo as expectativas de produção da unidade para este ano.

A mineradora também reduziu a sua previsão de investimentos de capital para o grupo (excluindo exploração e intangíveis) em 105 milhões de dólares, refletindo um controlo mais apertado dos custos.

Enquanto isso, o projeto Worsley Alumina, na Austrália, teve um aumento de 5% nos custos operacionais, mas recebeu aprovação para estender suas operações até pelo menos 2036.

Impacto das tarifas e expectativas para o mercado de alumínio

As tarifas dos EUA sobre o alumínio geram preocupações quanto a uma possível disrupção no mercado global, mas, segundo Kerr, o efeito sobre a South32 será limitado, dada a diversidade dos seus mercados e a forte procura por alumínio em outras regiões.

Apesar disso, analistas do Citi alertaram que a pressão sobre os custos operacionais da empresa ainda é evidente, sendo essencial continuar a monitorizar a evolução dos preços da alumina e do alumínio nos mercados internacionais.

Com um primeiro semestre sólido e ajustes estratégicos nas suas operações, a South32 mantém-se como um dos principais actores globais no sector de metais e mineração, com impacto directo na economia moçambicana através da Mozal Aluminium.

A evolução do mercado de alumínio, os desdobramentos das tarifas dos EUA e a estabilidade política em Moçambique serão factores cruciais para determinar o desempenho futuro da empresa.

 

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