
Zimbabué compromete-se a implementar reformas fundamentais para resolver o problema da dívida que ascende US$ 8,3 mil milhões e pôr termo a 21 anos de sanções
- Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento salienta urgência na implementação das reformas e Joaquim Chissano afirma que crise no Zimbabué está a afectar toda a região
O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, garantiu aos parceiros de desenvolvimento e aos credores que o seu Governo está empenhado na implementação de reformas fundamentais para resolver o problema da dívida e dos pagamentos em atraso do País, que ascende a cerca de 8,3 mil milhões de dólares.
O Presidente Mnangagwa falava durante o fórum de alto nível sobre a resolução da dívida, realizado recentemente na capital, Harare, que contou também com a presença do Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, do facilitador dos diálogos de alto nível, o antigo Presidente de Moçambique Joaquim Chissano, e de funcionários governamentais, parceiros de desenvolvimento, sector privado, antigos proprietários agrícolas e organizações da sociedade civil.
De acordo com o Presidente Mnangagwa, “apesar dos desafios associados à dívida excessiva e ainda mais exacerbados pelo albatroz das sanções económicas ilegais, o Zimbabué está a realizar marcos importantes para fazer avançar o País”
Os quatro pilares fundamentais da reforma do programa de execução do Zimbabué incluem as reformas da governação, a reforma da propriedade fundiária, a indemnização dos antigos proprietários agrícolas e a resolução dos acordos bilaterais de protecção dos investimentos.
Dívida insustentável
Akinwumi Adesina, que é o defensor oficial da liquidação dos pagamentos em atraso e da resolução da dívida do Zimbabué, manifestou a sua profunda preocupação com a dívida do País, “e com a acumulação de dívidas de pagamentos em atraso que não têm um fim à vista”.
“O Zimbabué não pode subir a colina da recuperação económica com uma mochila cheia de dívidas às costas. Chegou o momento de uma liquidação global dos pagamentos em atraso e de uma resolução da dívida do Zimbabué. Mas chegar lá não é um simples passeio no parque. Temos de abordar a história, para fazer história”, acrescentou.
Adesina afirmou que “as sanções económicas estão a conduzir o Zimbabué a uma dívida insustentável” e acrescentou que “a dívida em si não é tão debilitante como os atrasos nos pagamentos, uma vez que o país não pode aceder a financiamento concessional internacional ou a outras receitas ou financiamento menos dispendioso para pagar as suas obrigações de dívida”.
A maior parte dos 8,3 mil milhões de dólares da dívida bilateral e multilateral do Zimbabué corresponde a pagamentos em atraso.
O País publica estatísticas e informações sobre os pagamentos de dívida pública para garantir a transparência e a responsabilização. “É necessário cultivar a confiança e a boa vontade que continuam a crescer entre todas as partes”, afirmou o Presidente Mnangagwa.
Acrescentou que a recuperação económica sustentável do País exige o reforço de um processo abrangente de liquidação dos pagamentos em atraso e de resolução da dívida, apoiado pelas instituições financeiras internacionais e pela comunidade internacional em geral.
Na sua intervenção, o antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano disse que a situação do Zimbabué está a prejudicar a região: “A crise no País está a ter consequências terríveis na região, uma vez que o Zimbabué se encontra no coração da África Austral. Muitos planos de desenvolvimento de infraestruturas regionais, incluindo estradas, caminhos-de-ferro e linhas de transmissão de energia, foram paralisados, uma vez que têm de atravessar o País. O comércio livre continental também é prejudicado pela situação que prevalece no Zimbabué”.
Mobilização de 3,5 mil milhões de dólares para indemnizações
Sobre as reformas agrárias e as compensações, o Presidente do AfDB, Adesina disse que o Banco está a trabalhar com o Governo do Zimbabué para desenvolver instrumentos e estruturas financeiras inovadoras que possam ser utilizadas para antecipar a mobilização de 3,5 mil milhões de dólares para compensações.
Ele advertiu contra novos atrasos, que poderiam corroer a confiança. “Portanto, o tempo conta; a capacidade de resposta conta; e a sustentabilidade financeira conta”, salientou.
Adesina apelou aos parceiros de desenvolvimento para que “trabalhem em conjunto nesta estrutura proposta, que pode ajudar a alavancar os mercados de capitais para financiar as compensações sem acrescentar dívida ao Zimbabué”.
O líder do AfDB elogiou o governo pela sua decisão de disponibilizar títulos de terra para aumentar a segurança das terras agrícolas comerciais. “Os títulos de propriedade seriam para arrendamentos de 99 anos, que são também comercialmente viáveis, bancáveis e transferíveis”, recomendou.
Compromisso de realizar eleições livres e justas
Relativamente às reformas eleitorais, o Presidente Mnangagwa garantiu às partes interessadas que o país criou os mecanismos necessários para garantir a realização de eleições pacíficas, livres, justas e credíveis, previstas para agosto deste ano.
“O meu governo está empenhado em consolidar o constitucionalismo, o Estado de direito, a boa governação e a proteção dos direitos e liberdades consagrados na Constituição”, declarou Mnangagwa.
Akinwumi Adesina elogiou o governo do Zimbabué e afirmou: “O povo do Zimbabué e a comunidade internacional estarão muito atentos. O peso total da reaproximação com a comunidade internacional dependerá disso. Dependerá também não apenas das eleições, mas de que todo o processo eleitoral garanta uma eleição credível”, instou Adesina.
O Presidente do AfDB sublinhou ainda a necessidade de as partes interessadas assegurarem a realização de progressos concretos e mensuráveis no que diz respeito à Lei sobre a Democracia e a Recuperação Económica do Zimbabué (ZIDERA), que é fundamental para o reatamento das relações com os Estados Unidos e pode ser utilizada para apoiar a defesa do levantamento de algumas sanções impostas pelo Congresso dos EUA.
O Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento e o antigo Chefe de Estado moçambicano, visitaram os EUA no início de Maio para se encontrarem com líderes do Congresso dos EUA, do Departamento do Tesouro, do Departamento de Estado e de outras agências norte-americanas.
Sobre essa missão em especifico, Adesina disse que “ficou muito claro que há apoio para este diálogo de alto nível e uma esperança que se traduza em progressos concretos e mensuráveis no terreno para sustentar uma consideração do levantamento das sanções ao abrigo da ZIDERA”.
Em Dezembro de 2022, o Governo do Zimbábue estabeleceu uma Plataforma de Diálogo Estruturado com todos os credores e parceiros de desenvolvimento, para institucionalizar o diálogo estruturado sobre reformas económicas e de governação para apoiar o processo de liquidação de pagamentos atrasos e de resolução da dívida.
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