
Governo e parceiros ensaiam resgate da indústria manufactureira
A indústria manufactureira moçambicana já conheceu grandes momentos, produzindo para o mercado doméstico e exportando diversos produtos, como calçado, embalagens metálicas e de papel, vidro, aço. Mas a partir de 1990 entrou em declínio vertiginoso.
Há já alguns anos que esforços conjugados entre o Governo, o sector privado e parceiros de cooperação internacional têm sido empreendidos visando a recuperação do tecido industrial do país, numa espécie de re-alavancagem dos sectores produtivos e, principalmente, aqueles com potencial para produtos que possam substituir as importações

Vasco Nhabinde -Direcção dos Estudos Económico e Financeiro do Ministério da Economia e Finanças
Vasco Nhabinde, Director dos Estudos Económicos e Financeiros do Ministério da Economia e Finanças, disse que o sector industrial em Moçambique esteve parado durante muito tempo e mesmo depois do Programa de Reabilitação Económica nunca foi de facto realavancado como já esteve nos anos 70 e início dos anos 80. Então, continua Nhabinde, “é preciso reestruturar o sector industrial de tal forma que volte a estar nos níveis de carburação que esteve nos finais dos anos 70.”
Altos custos de energia, água, transporte intermodal, infra-estruturas de suporte, falta de mão de obra qualificada, falta de matéria-prima nacional, atraso tecnológico e falta de investimento são alguns dos factores que bloqueiam o avanço da indústria.

Agostinho Vuma – Presidente da CTA
Segundo Agostinho Vuma, Presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), a indústria manufactureira tem apresentado decréscimos significativos nos últimos 10 anos, sendo que em 2017 a sua contribuição no PIB foi de 8,7%, contra 11,8% registados em 2008 e adicionalmente constatou-se que a redução de 300 médias empresas entre 2003 e 2015 implicou uma perda do valor acrescentado bruto da indústria manufactureira em cerca de 9,4%, em 2015, e em cerca de 13%, em 2018, facto que tem contribuído para a redução do peso deste sector na actividade económica ano após ano.
Para permitir o alcance dos objectivos preconizados na Política e Estratégia Industrial (PEI), o Ministério da Indústria e Comércio, de acordo com Regendra de Sousa, assinou um memorando tripartido com o Banco Nacional de Investimento (BNI) e a CTA com objectivo de constituir um fundo para promoção, dinamização e financiamento à Indústria Nacional com enfoque nos sectores considerados prioritários em Moçambique, nomeadamente, alimentar e agro-indústria, vestuário, têxtil e calçado, minerais não metálicos, metalurgia, fabricação de produtos metálicos, processamento de madeira e mobiliário, químico, borracha e plásticos e papel e impressão.

Tomás Matola – PCA do Banco Nacional de Investimento
“O Banco Nacional de Investimento tem participado na concepção e gestão de fundos específicos para sectores produtivos, com base nas melhores práticas internacionais de gestão e operacionalização, com destaque para FaAE – Financiamento ao Agronegócio e Empreendedorismo, Sustenta, IFAD, INCAJI e FDA, em parceria com instituições nacionais e internacionais de desenvolvimento (…) a fim de assegurar o financiamento e/ou estruturar instrumentos adequados que permitam a mobilização de recursos financeiros para o financiamento dos sectores produtivos com destaque para indústria, em condições ajustadas ao perfil de risco e retorno do sector e de projectos de longo prazo”, explica Tomás Matola.
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