Contracção económica projecta 850 mil pessoas abaixo do limiar da pobreza
A contracção económica que caracterizou o ano de 2020 teve um impacto negativo nos níveis de pobreza em Moçambique, tendo levado mais 850.000 pessoas abaixo do limiar da pobreza extrema, revela o último relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) sobre as Perspectivas Económicas em África 2021.
Estima-se que a contracção económica tenha projectado mais 850.000 pessoas abaixo da linha internacional de pobreza, aumentando para 63,7% a proporção de moçambicanos a viverem com menos de 1,90 dólares americanos por dia, um aumento de 1,2 pontos percentuais comparativamente a 2019.
Este aumento resulta, fundamentalmente, da contracção da actividade económica devido à eclosão da pandemia da COVID-19 e a escalada do conflito na província de Cabo Delgado. “ O abrandamento nos sectores da construção, do turismo e dos transportes e uma diminuição da procura de exportações de produtos de base foram os principais fatores determinantes da desaceleração”, revela o BAD.
Apesar da interrupção súbita do bom desempenho económico registada no ano transacto, a instituição financeira multilateral augura boas perspectivas para os próximos anos, antevendo um crescimento económico de 2,3% para o presente ano e de 4,5% para 2022, altura em que ultrapassará o nível anterior à pandemia, impulsionado pelos investimentos no sector do gás natural.
O relatório refere ainda que os efeitos da pandemia podem representar um retrocesso nos ganhos ora alcançados a nível do continente, sobretudo na vertente de redução da pobreza. O PIB de África caiu 2,1% em 2020, o que provocou a primeira recessão do continente em meio século.
Estima-se que cerca de 39 milhões de africanos possam cair na pobreza extrema em 2021 se não lhes for prestado o apoio devido, com efeitos desproporcionados nas mulheres. Apesar de, no geral, perspectivar-se um bom desempenho económico para 2021, com a taxa de crescimento atingindo 3,4%, este não será suficiente para o fazer regressar ao seu nível pré-crise.
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