
Tendências Globais no Upstream: Entre as Pressões da OPEC+ e a Luta das Majors por Reduzir Emissões
- Em 2025, o sector upstream enfrenta um cenário misto, marcado por tensões geopolíticas, pressões ambientais e volatilidade da procura e da oferta;
- As Majors registaram um aumento nas emissões de âmbito 1 e 2 em 2024, revertendo a tendência de redução;
- Apenas Eni e Equinor conseguiram manter uma trajectória de descida de emissões;
- A OPEC+ iniciou o desmantelamento gradual dos cortes voluntários de produção (2,2 milhões b/d), com conclusão em Setembro de 2025;
- O mecanismo de compensação obriga países que excederam quotas a manter cortes adicionais, reduzindo o impacto líquido no mercado;
- O crescimento da oferta fora da OPEC+ pressiona os preços e limita a margem para mais produção cartelizada.
A indústria global de upstream entra em 2025 num momento de contradições: enquanto as Majors procuram equilibrar metas climáticas com o aumento da produção, a OPEC+ começa a desmontar os cortes voluntários de petróleo que sustentaram os preços desde 2022. O resultado é um mercado instável, pressionado por factores geopolíticos, ambientais e de oferta.
Segundo a mais recente análise de Fraser McKay, Head of Upstream Analysis, os sinais vindos das principais petrolíferas indicam um desafio crescente: após anos de ganhos na redução de emissões, 2024 trouxe uma reversão na tendência, com as Majors a reportarem aumento nas emissões absolutas de âmbito 1 e 2. A principal razão foi um acréscimo de 4% na produção, embora a maior participação de gás natural e tight oil tenha ajudado a moderar a intensidade das emissões.
Entre as grandes companhias, apenas a Eni e a Equinor mantiveram uma trajectória de queda. Já outras enfrentam estagnação em áreas críticas, como a redução do metano. A leitura dos analistas é clara: os ganhos “fáceis” de descarbonização ficaram no passado, e compensar volumes crescentes de produção será cada vez mais difícil.
No plano da oferta, a OPEC+ iniciou em Abril de 2025 o desmantelamento gradual da última tranche de cortes voluntários, equivalentes a 2,2 milhões de barris por dia. A medida, partilhada por oito países (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Kuwait, Argélia, Cazaquistão, Omã e Rússia), será totalmente revertida até Setembro de 2025.
Contudo, o impacto líquido é mais reduzido: países que excederam quotas no passado são obrigados a compensar com cortes adicionais, o que limita a quantidade de petróleo efectivamente regressada ao mercado. A avaliação dos analistas é que o crescimento da produção não-OPEC+ (particularmente dos EUA) deixa pouco espaço para que este aumento de oferta se traduza em subida de preços. Pelo contrário, novas tranches de produção poderiam empurrar os preços para baixo.
O relatório inclui ainda uma análise retrospectiva de 20 anos sobre a criação de valor na exploração, destacando mudanças estruturais no aproveitamento de activos de gás no Lower 48 (EUA), bem como desenvolvimentos no Médio Oriente, como os campos marginais da ADNOC e a expansão do North Field no Qatar.
O panorama actual do upstream global mostra como a indústria se encontra no fio da navalha: de um lado, pressões para aumentar a produção e receitas fiscais; do outro, a necessidade de manter metas ambientais e responder à transição energética. Para Moçambique, que se prepara para lançar o Coral Norte e outros megaprojectos, estas tendências internacionais são um alerta: o equilíbrio entre o crescimento da produção e os compromissos de descarbonização será determinante para assegurar competitividade e sustentabilidade a longo prazo.
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