
Linha de gás de 25 mil milhões de dólares da Nigéria pode receber Decisão Final de Investimento no próximo ano
Trata-se de um gasoduto de 5600 que percorrerá 11 países antes de chegar a Marrocos e depois se ligar a Espanha ou Itália
Uma decisão de investimento de 25 mil milhões de dólares para a construção de um gasoduto da Nigéria para Marrocos que possa fornecer combustível à Europa, será tomada no próximo ano, disse o Presidente da Nigerian National Petroleum Co., a petrolífera estatal deste país da África Ocidental.
A Nigerian National Petroleum Co (NNPC). e o Gabinete Nacional de Hidrocarbonetos e Minas de Marrocos assinaram, no mês passado, um memorando de entendimento que incide sobre o projecto. A conduta é uma de duas dessas iniciativas que a NNPC está a promover num esforço para capitalizar a procura europeia de novas fontes de gás após o despoletar do conflito russo ucraniano.
“Tomaremos uma decisão final de investimento no próximo ano”, disse a Directora Executiva da NNPC, Mele Kyari, numa entrevista a Bloomberg, em Abuja, capital da Nigéria. As discussões em torno do financiamento estão em curso, disse, sem revelar as instituições interessadas em financiar o gasoduto de 5.600 quilómetros (3.840 milhas) que levaria gás a 11 países ao longo da costa africana, em direcção a Marrocos, antes de se ligar a Espanha ou Itália.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental com 15 nações é também signatária do MOU.
O projecto custará entre 20-25 mil milhões de dólares e será construído em fases, segundo Kyari, que prevê que o primeiro segmento demore três anos a terminar e os outros, cinco anos.
Na sequência de um acordo anterior em 2018, a agência estatal marroquina, MAP, disse que o gasoduto poderia demorar até 25 anos a ser concluído. As exportações de gás da Nigéria estão actualmente limitadas aos carregamentos da Nigeria LNG Ltd., uma empresa mista entre a NNPC e empresas internacionais de energia, incluindo a Shell Plc e a Eni SpA.
A Nigéria possui as maiores reservas comprovadas de gás de África, a cerca de 200 triliões de pés cúbicos, a maior parte dos quais não é explorada, queimada ou reinjectada em poços petrolíferos. O Governo diz querer rentabilizar muito mais desse recurso, para uso interno e exportação, para substituir o crude como mercadoria chave do país. Quadruplicar a produção de gás nos próximos quatro anos é “muito realizável”, de acordo com Kyari.
A NNPC também reavivou uma proposta de longa data para um gasoduto transcontinental separado que percorreria cerca de 4.400 quilómetros através do Deserto do Sahara até à Argélia, para o transporte subsequente à Europa.
“Vimos a oportunidade de trazer de volta todos os projectos de gasodutos que se possam imaginar”, disse Kyari. “É uma questão de quem precisa e de quem está pronto a pagar por ele”.
Uma preocupação mais imediata para a Nigéria é a sua produção petrolífera, que tem vindo a diminuir constantemente desde 2020 e que atingiu um mínimo de várias décadas de menos de 1,2 milhões de barris por dia em Agosto. Kyari e o Governo culpam os massivos níveis de roubo e vandalismo nos oleodutos que atravessam o Delta do Níger.
Gasoduto Ilegal
As forças de segurança nigerianas descobriram recentemente um oleoduto ilegal ligado a uma instalação em terra que tinha transportado 4 quilómetros de crude roubado para o mar “sem ser detectado” durante nove anos, disse Kyari aos legisladores na semana passada.
Enquanto a aliança OPEP+ concordou, a 5 de Outubro, em reduzir a produção global diária em 2 milhões de barris, a Nigéria está a tentar inverter a sua quebra e aumentar a produção para a sua quota permitida pelo cartel. O país pode acrescentar mais 500.000 barris por dia antes do final de Novembro, reabrindo o gasoduto Trans-Niger operado pela Shell e Kyara introduzindo novas rotas de escoamento, disse Kyari.
A NNPC contratou nova segurança privada em Agosto para proteger os oleodutos, alguns dos quais estão ligados a líderes militantes que em tempos travaram uma guerra contra as companhias petrolíferas antes de aceitarem uma amnistia governamental em 2009.
Recentemente transformado num empreendimento totalmente comercial, o NNPC está a vislumbrar uma expansão em múltiplas áreas. Kyari disse em declarações a Bloomberg estar “a criar a maior empresa a montante do país e, potencialmente, em África”, embora tenha recusado comentar os esforços da empresa para adquirir licenças que a Exxon Mobil Corp. concordou em vender à Seplat Energy Plc.














