BCE deve manter as taxas em 4% ou perto disso até 2024 para reduzir a inflação – FMI

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O rápido crescimento dos salários na zona euro poderá manter a inflação elevada durante mais tempo e o Banco Central Europeu (BCE) deverá manter as taxas de juro em níveis recordes ou próximos dos mesmos até ao próximo ano para extinguir as pressões sobre os preços, afirmou o Fundo Monetário Internacional nesta quarta-feira, 08 de Novembro.

O BCE quebrou uma série de dez subidas consecutivas das taxas de juro no mês passado, alimentando as expectativas do mercado de que a sua próxima medida será um corte, possivelmente já em Abril, com um total de 90 pontos base de reduções previstas até ao final do próximo ano.

Para Alfred Kammer, Director do Departamento Europeu do FMI, a taxa de depósito do BCE deve manter-se perto do seu nível recorde de 4% durante todo o próximo ano.

“A política monetária é adequadamente restritiva e deve manter-se assim em 2024”, disse Kammer numa conferência de imprensa. “Para todos os efeitos, (a taxa de depósito) deve ser mantida nesse nível ou perto desse nível ao longo de 2024”.

Kammer advertiu o BCE contra a redução das taxas demasiado cedo, porque isso exigiria um aperto ainda mais dispendioso da política mais tarde.

“É menos dispendioso ser demasiado restritivo do que ser demasiado frouxo”, disse Kammer. “O que também queremos evitar são celebrações prematuras.”

A inflação disparou para mais de 10% há um ano, mas tem estado numa trajectória descendente constante desde então, mesmo que a “última milha” da desinflação seja considerada a mais difícil e possa ainda levar dois anos para passar de cerca de 3% para 2%.

Embora o FMI preveja que o crescimento dos preços volte a atingir o objectivo em 2025, um mercado de trabalho excepcionalmente apertado poderá adiar esta data para 2026, advertiu.

O desemprego já atingiu um nível recorde e qualquer folga que ainda exista no mercado de trabalho poderá ser menor do que a calculada actualmente, fazendo subir a inflação dos salários, o que terá um impacto nos preços no consumidor.

Os salários reais têm ainda um longo caminho a percorrer para acompanhar a inflação, o que poderá também manter a pressão sobre os preços, afirmou o FMI.

“Os riscos continuam a inclinar-se para uma inflação mais persistente”, afirmou o FMI num relatório. “Sob hipóteses adversas, isto poderia atrasar o cumprimento dos objectivos de inflação até 2026”.

Kammer acrescentou que o conflito em Gaza fez subir os custos globais da energia, o que cria um maior risco de subida dos preços.

No entanto, o crescimento económico global no actual trimestre é um pouco mais fraco do que o previsto, o que poderá limitar as pressões sobre os preços.

Ainda assim, o crescimento está globalmente em linha com as expectativas e uma “aterragem suave” continua a ser o principal cenário do FMI, em vez de uma recessão mais profunda, acrescentou Kammer.

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