
Corredor Ferroviário do Lobito, projecto de US$ 786,4 milhões, apontado como referência para o comércio e desenvolvimento regional
- “Há um potencial de complementaridade garantindo a ligação da malha ferroviária da Zâmbia ao corredor de Nacala que hoje não existe”. Afirma Ambrósio Sitoe, Secretário Permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações de Moçambique
O desenvolvimento infra-estrutural de Angola dá um passo significativo com o lançamento do Projecto Ferroviário do Corredor do Lobito, uma iniciativa que visa transformar o país numa plataforma estratégica para o comércio regional e internacional. A aprovação de 200 milhões de dólares pelo Development Bank of Southern Africa (DBSA), em colaboração com a U.S. International Development Finance Corporation (DFC), faz parte de um esforço global de US$ 786,4 milhões de dólares para modernizar e construir 1.289 km de via-férrea, ligando o Porto do Lobito, na costa atlântica de Angola, à fronteira com a República Democrática do Congo (RDC). A linha férrea é fundamental para conectar os mercados da África Austral ao Oceano Atlântico, facilitando o comércio de recursos naturais e outros bens essenciais.
O Corredor do Lobito é considerado uma das infra-estruturas mais importantes da região e é referido como tendo potencial para revolucionar o transporte de mercadorias, particularmente minérios como cobre e cobalto, que são abundantes na RDC e na Zâmbia. O projecto, que visa reduzir significativamente os custos e o tempo de transporte, permitirá que esses recursos alcancem os mercados internacionais de forma mais eficiente, aumentando a competitividade dos produtos da região e fortalecendo o papel de Angola como uma porta de entrada para o comércio do interior de África.
Os promotores da iniciativa, afirmam que a modernização da linha ferroviária não se limitará a melhorar o comércio internacional; ela também impulsionará o crescimento económico de Angola. O Governo angolano tem trabalhado consistentemente para diversificar a sua economia, ainda fortemente dependente do petróleo, e o Corredor do Lobito encaixa-se perfeitamente nessa estratégia. Com a implementação do projecto, prevê-se a criação de milhares de empregos directos e indirectos, não só durante a fase de construção, mas também durante as operações de transporte, logística e manutenção. Além disso, o projecto fomentará o desenvolvimento de infra-estruturas complementares e fortalecerá o sector de logística no País, facilitando a movimentação de mercadorias no mercado interno e na região.
Este corredor ferroviário também promoverá um impacto social significativo, segundo os seus promotores. É que, ao longo da linha férrea, comunidades locais serão beneficiadas não apenas pela criação de emprego, mas também pelo acesso a melhores condições de transporte, o que poderá reduzir os custos de bens e serviços e facilitar a movimentação de pessoas e mercadorias dentro do país. “Essa melhoria na logística pode desempenhar um papel importante no alívio da pobreza e no desenvolvimento sustentável de áreas tradicionalmente mais isoladas”.
Estrategicamente, a ligação entre o Porto do Lobito e a RDC é fundamental para fortalecer as relações comerciais entre Angola e seus vizinhos. A linha ferroviária facilitará o escoamento de produtos minerais da RDC e da Zâmbia, permitindo uma maior integração económica entre os países da África Austral. O Corredor do Lobito oferece uma alternativa competitiva a outras rotas logísticas da região, o que pode atrair um volume significativo de comércio para Angola, consolidando o país como um hub logístico crucial para o continente africano.
Além disso, este projecto ferroviário encaixa-se nos objectivos da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que busca melhorar a conectividade e facilitar o comércio transfronteiriço entre os seus membros. O Corredor do Lobito representa um grande avanço para a infra-estrutura regional e para a integração dos mercados africanos, fortalecendo o comércio intra-africano e contribuindo para o desenvolvimento económico partilhado.
O interesse internacional em projectos como o Corredor do Lobito é cada vez maior, com parceiros como a DBSA e a DFC a reforçarem o compromisso de apoiar o desenvolvimento sustentável em África. É um tipo de cooperação que demonstra a confiança de investidores estrangeiros no potencial de Angola como destino de investimentos estratégicos. O projecto surge num momento em que Angola está a emergir como um actor-chave no comércio regional e internacional, não só no sector dos recursos minerais, mas também em outras áreas como a agricultura e a indústria.
A sustentabilidade será um dos maiores desafios do projecto. A construção e operação de uma linha ferroviária de grande escala como esta podem ter impactos ambientais significativos. No entanto, com o crescente compromisso global em direcção à sustentabilidade, espera-se que as práticas de construção e operação utilizem tecnologia avançada para minimizar os efeitos negativos no meio ambiente. Além disso, a utilização de transporte ferroviário pode, a longo prazo, reduzir a pegada de carbono do transporte de mercadorias na região, substituindo a dependência de transporte rodoviário pesado.
Em contacto com o O.Económico, para analisar este evento face aos esforços que Moçambique também tem estado a realizar para dinamizar e tornar mais competitivos os seus “corredores”, o Secretário Permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Ambrósio Sitoe, afirmou que “na generalidade os corredores que tem o mesmo centro de geração de Carga tem o potencial de competir, mas também tem o potencial de complementaridade e desta forma trazer mais sinergias e mais valia”
Referindo especificamente ao Corredor de Lobito, afirmou haver “um potencial de complementaridade garantindo a ligação da malha ferroviária da Zâmbia ao corredor de Nacala que hoje não existe”.
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