
Dívida dos países mais pobres do mundo atingiu recorde de 744 mil milhões de dólares – Banco Mundial
O stock de dívida externa dos países mais pobres do mundo aumentou em 9% em 2019, atingindo um recorde de 744 mil milhões de dólares, o equivalente, em média, a 33% do seu Rendimento Nacional Bruto combinado, indica o Banco Mundial (BM). Trata-se de um conjunto das 73 nações mais pobres do mundo que integram a lista de países beneficiários da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida – DSSI ( Debt Service Suspension Initiative, na língua Inglesa).
O Relatório Estatísticas da Dívida Internacional 2021, publicado esta segunda-feira (12), indica que, em 2019, o ritmo de acumulação da dívida dos países elegíveis para a DSSI foi comparável ao da China e quase o dobro da taxa de crescimento registada por outros países de baixo e médio rendimento. “O stock de dívida dos países elegíveis para a DSSI aos credores bilaterais oficiais, composto maioritariamente por países do Grupo dos Vinte (G-20), atingiu 178 mil milhões de dólares em 2019 e representou 27% do stock de dívida de longo prazo dos países de baixo rendimento”, detalha o relatório.
O BM indica que o empréstimo de credores privados foi a componente que mais cresceu na dívida externa dos mutuários elegíveis para a DSSI, sendo que as obrigações para com os credores privados ascenderam a 102 mil milhões de dólares no final de 2019, cinco vezes acima dos níveis de 2010. “ Os credores oficiais, incluindo o FMI, representaram a maior fatia do stock de dívida pública externa e de garantia pública dos países elegíveis para a DSSI no final de 2019 (81 por cento), mas o financiamento dos credores privados foi a componente que mais cresceu”, lê-se no relatório.
Os credores multilaterais, incluindo o FMI, foram os credores mais importantes dos países elegíveis para a DSSI, com um total de 243 mil milhões de dólares em dívida no final de 2019, o que equivale a 46% do total da dívida pública e de garantia pública, avança a fonte.
Face a esta situação, o risco é que vários países pobres saiam da crise da COVID-19 com uma grande sobreposição de dívida que pode levar anos a gerir. Para os países mais pobres, a crise chegou a um momento de perigo particular, uma vez que os mesmos já se encontravam em situação de endividamento de elevado risco. Os encargos insustentáveis da dívida têm o potencial de retirar recursos que estes países precisam para financiar a crise de saúde e acelerar os esforços de recuperação económica — uma questão que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional têm procurado resolver, apelando à DSSI.
Enquadra-se no âmbito de alívio aos países pobres, a aprovação a 02 de Outubro, pela Comissão Executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), de uma segunda parcela de seis meses de redução do serviço da dívida para 28 países membros, incluindo Moçambique, no âmbito do programa do Fundo Fiduciário para Alívio e de Contenção de Catástrofes (CCRT, sigla em Inglês). Esta aprovação segue-se à primeira tranche de seis meses (referente ao período entre 14 de abril e 13 de outubro de 2020) aprovada a 13 de Abril, e permite o desembolso das subvenções a partir do CCRT para pagamento de serviço de dívida elegível referente ao período entre 14 de outubro de 2020 a 13 de abril de 2021, estimadas em 227 milhões de dólares.


















