
Dólar Em Recuperação Após Colapso Causado Por Dados Laborais Fracos E Pressão Política Sobre A Reserva Federal
- Investidores antecipam corte de juros em Setembro após dados negativos do emprego e interferência de Trump sobre instituições-chave dos EUA.
Questões-Chave:
- O dólar caiu fortemente após dados laborais abaixo das expectativas e acções controversas de Trump;
- Mais de 258 mil empregos foram revistos em baixa nos meses anteriores;
- O Presidente demitiu a chefe do Bureau of Labor Statistics e forçou a saída de uma governadora da Fed;
- O mercado passou a precificar com mais de 90% de probabilidade um corte da taxa directora já em Setembro;
- Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano atingiram mínimos de um a três meses.
Num cenário de forte instabilidade institucional e dados económicos decepcionantes, o dólar americano registou perdas acentuadas e reacções generalizadas nos mercados. A recuperação parcial desta segunda-feira pouco atenua os receios sobre o rumo da política monetária e cambial nos Estados Unidos.
A moeda norte-americana entrou em queda livre após a divulgação de dados alarmantes sobre o mercado de trabalho dos EUA na passada sexta-feira. O relatório de Julho mostrou um crescimento de emprego significativamente abaixo das expectativas, ao mesmo tempo que os números dos dois meses anteriores foram revistos em baixa, com uma redução acumulada de 258 mil empregos.
Como se não bastasse, o Presidente Donald Trump agravou a turbulência institucional ao demitir a Comissária do Bureau of Labor Statistics (BLS), Erika McEntarfer, acusando-a de manipular os dados. No mesmo dia, a governadora da Reserva Federal, Adriana Kugler, apresentou uma renúncia inesperada, abrindo espaço para uma nova nomeação presidencial que poderá comprometer a tradicional independência da Fed.
Essas decisões políticas provocaram uma reacção imediata nos mercados: o dólar perdeu mais de 2% face ao yen japonês e 1,5% face ao euro. Apenas na segunda-feira começou a recuperar ligeiramente, com uma valorização de 0,2% face ao yen e 0,1% no índice global do dólar, que voltou aos 98.75 pontos.
Tony Sycamore, analista de mercado da IG, observou que “as reacções foram imediatas e contundentes”, com forte queda do dólar, das bolsas e dos rendimentos da dívida soberana. O rendimento da Treasury a dois anos caiu para 3,6590% — o nível mais baixo em três meses — enquanto o rendimento da Treasury a dez anos fixou-se perto de mínimos de um mês, nos 4,2493%.
Os mercados passaram a prever com mais de 90% de probabilidade que o Comité de Política Monetária da Fed (FOMC) corte a taxa de juro em 25 pontos base já na reunião de Setembro, acumulando quase 60 pontos base de cortes até Dezembro. O banco Macquarie foi uma das instituições que antecipou oficialmente esse movimento.
A situação agrava-se com o impacto das tarifas recentemente impostas pelos EUA. A Suíça foi especialmente visada, o que levou as associações industriais a alertarem para o risco de dezenas de milhares de postos de trabalho. O franco suíço recuou 0,1% face ao dólar.
No mercado cambial mais amplo, o dólar australiano subiu 0,09%, impulsionado pela fraqueza do dólar, enquanto o dólar neozelandês cedeu ligeiramente. A libra esterlina manteve-se estável.
Ao todo, os últimos acontecimentos colocam em causa não apenas a trajectória da política monetária americana, mas também a credibilidade institucional e a percepção de risco cambial do dólar. Se confirmadas as previsões de corte em Setembro, estaremos perante uma viragem abrupta e altamente politizada da política económica norte-americana — com implicações globais, sobretudo para mercados emergentes vulneráveis à oscilação do dólar e das taxas norte-americanas.
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