Dólar ganha força com mercados atentos às políticas de Trump e ao futuro do FED

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O dólar norte-americano continua a demonstrar resiliência nos mercados globais, impulsionado pelas expectativas em torno das políticas económicas do Presidente eleito, Donald Trump, e pelas projecções menos agressivas de cortes de taxas de juro pelo Federal Reserve (Fed). Após três sessões de estabilidade, o dólar voltou a ganhar terreno, aproximando-se de níveis históricos registrados no início do ano.

Desde a eleição presidencial de 5 de Novembro, a moeda norte-americana valorizou-se mais de 2%, reagindo às apostas dos investidores de que as políticas de Trump, incluindo estímulos fiscais e possíveis tarifas comerciais, poderiam reacender a inflação nos Estados Unidos e moderar futuros cortes de taxas de juro. Esse cenário consolidou o índice do dólar em 106,56, acima do patamar mais baixo da última semana, e próximo da máxima de 107,07, atingida recentemente.

Impactos geopolíticos e comerciais

O ambiente geopolítico global também favoreceu o fortalecimento do dólar. O conflito Rússia-Ucrânia escalou novamente, com a Ucrânia a lançar mísseis autorizados pelos EUA contra alvos russos, ampliando as tensões internacionais. Esta situação não só enfraqueceu o euro, mas também reforçou o apelo do dólar como um activo seguro.

Na Europa, as perspectivas de tarifas comerciais anunciadas durante a campanha de Trump adicionaram pressões ao euro, que permaneceu em 1,0547 dólares, próximo do seu nível mais fraco desde outubro de 2023. Já no Japão, o yen sofreu nova desvalorização, chegando a 154,91 por dólar, pressionado por incertezas em torno da política monetária do Banco do Japão, embora tenha recuperado ligeiramente após a especulação de aumento das taxas de juro em dezembro.

Perspetivas para o Federal Reserve

O Federal Reserve mantém os mercados em alerta, com os investidores a recalibrar as expectativas de cortes nas taxas de juro. Recentes declarações de membros do Fed mostraram divergências nas avaliações sobre a trajectória futura da inflação. Embora parte dos analistas espere cortes moderados nas taxas já em Dezembro, as oscilações nos preços de mercado reduziram as probabilidades para menos de 54%, em comparação com os 82,5% de uma semana atrás.

Criptomoedas e outros mercados

Outro destaque foi a forte valorização do Bitcoin, que atingiu um recorde de **95.016 dólares. A alta foi impulsionada por um relatório que indica negociações entre a empresa de mídia social de Donald Trump e a plataforma de criptomoedas Bakkt, sugerindo que a nova administração poderá adotar uma abordagem mais favorável às moedas digitais.

O dólar norte-americano reforça sua posição como a principal moeda de reserva global, beneficiando-se tanto de fatores económicos internos quanto de incertezas geopolíticas. Com as políticas de Donald Trump a moldar as expectativas de inflação e crescimento, e o Federal Reserve a adotar uma postura cautelosa, a moeda permanece um termômetro-chave para o comportamento dos mercados globais. As próximas semanas serão decisivas para confirmar se a força do dólar se consolidará ou se ajustes na política monetária e comercial poderão alterar o seu curso.

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