
Exigências de Trump Para Cortes nas Taxas de Juro Colocam “Domínio Fiscal” em Destaque
- Dívida pública dos EUA ultrapassa 120% do PIB, pressionando custos de financiamento;
- Trump exige corte de três pontos percentuais na taxa directora da Fed, para poupar até 1 bilião USD/ano em juros;
- Investidores temem que a independência da Reserva Federal esteja sob ameaça;
- Risco de inflação estrutural e de perda de credibilidade monetária, como em precedentes históricos (Alemanha 1920s, Argentina 1980s, Turquia recente);
- Fed deverá decidir novo rumo da política monetária em 16-17 de Setembro.
Segundo a Reuters, o aumento exponencial da dívida dos Estados Unidos e a pressão política do Presidente Donald Trump sobre a Reserva Federal para cortar drasticamente as taxas de juro reacenderam os receios de “domínio fiscal” — um cenário em que a prioridade de financiar o governo barato se sobrepõe ao controlo da inflação.
Com a aprovação de um novo orçamento pelo Congresso, controlado pelos Republicanos, que adiciona triliões de dólares à dívida norte-americana, os mercados avaliam os riscos de sustentabilidade financeira. A dívida pública já representa mais de 120% do PIB, um nível superior ao registado após a Segunda Guerra Mundial.
Trump tem exigido à Fed um corte de três pontos percentuais na taxa de juro directora (actualmente entre 4,25% e 4,50%), argumentando que a medida permitiria poupar 1 bilião de dólares por ano em custos de serviço da dívida. Embora tenha dito que a Fed poderia voltar a subir as taxas caso a inflação reacendesse, os investidores encaram as suas exigências como uma ameaça à independência do banco central.
“A razão pela qual a administração gostaria de ver taxas mais baixas é simples: os níveis actuais da dívida apenas são comportáveis com juros mais baixos”, afirmou Nate Thooft, da Manulife Investment Management, citado pela Reuters.
O paralelismo com episódios históricos não escapa aos analistas. Os EUA já viveram sob “domínio fiscal” durante a Segunda Guerra, quando a Fed manteve juros artificialmente baixos para financiar o esforço de guerra — o que culminou no Acordo do Tesouro-Fed de 1951, que restaurou a independência do banco central. Casos extremos, como a hiperinflação alemã dos anos 1920 ou as crises de Argentina e Turquia, são citados como exemplos do risco de enfraquecer a credibilidade monetária.
Hoje, sinais de alerta já são visíveis: o dólar acumula uma queda de 10% no ano, e os rendimentos dos Treasuries a 10 anos rondam os 4,3%, aproximando-se do crescimento nominal do PIB (5%). Quando os juros superam o crescimento económico, a dívida tende a tornar-se insustentável mesmo sem novo endividamento.
Apesar da pressão política, o Presidente da Fed, Jerome Powell, reiterou que o banco central “não define política monetária com base na gestão da dívida pública”. Powell mantém-se no cargo até Maio de 2026, mas enfrenta críticas constantes da Casa Branca e de sectores do mercado que defendem uma postura mais acomodatícia.
Para alguns investidores, como Kelly Kowalski, da MassMutual, a administração pode estar a tentar “inflacionar a dívida” como solução indirecta, permitindo que a erosão inflacionária reduza o peso real do passivo. Outros, como Brij Khurana, da Wellington, acreditam que os cortes de juro apenas dariam um alívio temporário, adiando mas não resolvendo os desequilíbrios fiscais.
Com a reunião da Fed marcada para 16 e 17 de Setembro, o dilema entre preservar a credibilidade anti-inflacionista e acomodar as pressões políticas promete ser o novo teste ao futuro da política monetária dos EUA.
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