
Indefinição Tarifária Ameaça Futuro da Mozal: South32 Adverte Encerramento em 2026
- Falha nas negociações sobre fornecimento de energia leva gigante australiana a planear colocar a fundição de alumínio sob “care and maintenance”, ameaçando exportações, emprego e receita fiscal.
- South32 planeia suspender operações da Mozal Aluminium Smelter até Junho de 2026, se não houver acordo para fornecimento de energia;
- Negociações com o Governo decorrem há mais de dois anos e centram-se no preço da electricidade fornecida pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa;
- Actual tarifa é largamente subsidiada; nova proposta poderá ser inviável para o negócio;
- Mozal representa cerca de 30% das exportações de Moçambique e emprega directamente cerca de 1.100 trabalhadores;
- Mercado global do alumínio enfrenta volatilidade de preços e desafios energéticos crescentes.
A South32, multinacional australiana do sector mineiro e metalúrgico, anunciou que poderá encerrar as operações da Mozal Aluminium Smelter até Junho de 2026, colocando a instalação sob regime de “care and maintenance”. A decisão decorre do impasse nas negociações com o Governo moçambicano sobre o fornecimento de energia eléctrica — um factor crítico para a viabilidade económica da fundição, que consome grandes volumes de electricidade.
A Mozal, localizada na província de Maputo e inaugurada em 2000, é o maior empreendimento industrial de Moçambique e uma das maiores fundições de alumínio primário do mundo. A sua produção, de mais de 550 mil toneladas anuais, representa aproximadamente 30% das exportações do país e constitui uma importante fonte de receitas fiscais e cambiais.
O impasse que ameaça a continuidade da operação está ligado à renegociação do contrato de fornecimento de energia com a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). Actualmente, a tarifa aplicada à Mozal é fortemente subsidiada, um modelo que vigorou durante mais de duas décadas e que permitiu manter a competitividade da fundição no mercado internacional. Contudo, segundo fontes próximas do processo, a nova tarifa proposta pelo Governo poderá não ser economicamente viável para a empresa.
As negociações, que decorrem há mais de dois anos, envolvem não apenas questões tarifárias, mas também compromissos de fornecimento estável e previsível de energia. A decisão da South32 de anunciar publicamente o plano de encerramento é interpretada por vários analistas como uma medida de pressão para acelerar e concluir as conversações.
Contexto Global
O alumínio é um dos metais mais intensivos em consumo de energia na sua produção, e o custo da electricidade representa entre 30% e 40% do custo total de fundição. No actual cenário global, marcado por volatilidade nos preços de energia e crescente pressão para transição para fontes mais limpas, fundições em todo o mundo enfrentam o desafio de manter margens de rentabilidade.
Adicionalmente, o mercado internacional do alumínio tem sido afectado por políticas comerciais proteccionistas, flutuações cambiais e pela concorrência de grandes produtores como a China, que mantém preços competitivos através de incentivos estatais.
Impacto Potencial para Moçambique
O encerramento da Mozal teria consequências económicas significativas para Moçambique. Além da perda de cerca de 1.100 empregos directos e milhares de empregos indirectos na cadeia de fornecimento e serviços, o país veria uma redução acentuada nas suas exportações e receitas fiscais. O efeito cascata poderia atingir sectores como transporte, logística e manutenção industrial.
A nível macroeconómico, a saída temporária ou definitiva da Mozal reduziria a entrada de divisas, agravando potenciais desequilíbrios na balança de pagamentos.
Significado Estratégico
Mais do que um simples anúncio empresarial, a decisão da South32 deve ser interpretada como parte de uma estratégia negocial. A percepção dominante é que a empresa procura reforçar a sua posição nas negociações com o Governo, usando o encerramento como um instrumento de pressão para assegurar condições energéticas compatíveis com a viabilidade da fundição.
Como se reconhece no meio empresarial, “o problema está lá”: a tarifa actual é largamente subsidiada, mas a nova, em discussão, poderá inviabilizar o negócio. Dada a importância estratégica da Mozal para Moçambique e o peso das negociações que se arrastam há mais de dois anos, o impasse configura um teste à capacidade do Estado em equilibrar interesses económicos de longo prazo com a necessidade de optimizar a renda dos seus recursos energéticos.
A resolução deste dossiê será decisiva para o futuro da maior operação industrial do país e para a credibilidade de Moçambique como destino para investimentos de grande escala em sectores de alto consumo energético.
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