
Manifestações violentas comprometem operações no Porto e no Corredor de Maputo
As manifestações pós-eleitorais violentas que se tem registado em Moçambique, convocadas pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, têm causado impactos severos nas operações logísticas e comerciais do País. Com protestos violentos que se arrastam há três meses, o Porto de Maputo enfrenta dificuldades sem precedentes no escoamento de mercadorias, incluindo produtos essenciais como arroz.
Navios retidos e saques de armazéns
De acordo com o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, navios com mercadorias permanecem atracados no Porto de Maputo, impossibilitados de descarregar devido à paralisação do transporte rodoviário. “O MPDC [Maputo Port Development Company] partilhou connosco a chegada de alguns navios de produtos alimentares, especificamente o arroz, mas que, infelizmente, não podem sair do Porto de Maputo porque os camiões não podem circular nesta situação [das manifestações]”, afirmou Moreno.
Nas cidades de Maputo e Matola, saques em armazéns e supermercados agravam a escassez de alimentos na região sul, afectando particularmente o fornecimento de arroz. Dados preliminares apontam para o saque de mais de 40 armazéns, resultando em prejuízos financeiros e desemprego em massa. “Há registos, por exemplo, de vandalização de um armazém que empregava dois mil pessoas; estamos a falar apenas de uma empresa, portanto, vamos ter um impacto muito grande”, destacou Moreno.
Impactos no Corredor de Maputo
A crise também afecta o Corredor de Maputo, rota crucial para o comércio entre Moçambique e África do Sul. Empresas moçambicanas e sul-africanas estabeleceram um grupo de gestão de crise para mitigar os impactos, enquanto escoltas militares foram destacadas para garantir a circulação de mercadorias. “Estamos a falar da própria Shoprite, que importa diariamente várias toneladas de produtos que nós consumimos nos seus supermercados”, explicou Moreno, reforçando a importância da cooperação no corredor logístico.
Apesar disso, a operadora Grindrod confirmou atrasos em 24 embarcações e o cancelamento de seis outras, com perdas estimadas em 54 milhões de dólares. A Grindrod observou que “com o fim do ano se aproximando, todas ou uma parte das embarcações atrasadas, se não forem canceladas, só poderão ser manuseadas no Ano Novo”.
Prejuízos além da logística
Além dos impactos logísticos, as manifestações ameaçam investimentos significativos no sector de gás natural liquefeito (GNL). Com mais de 60 mil milhões de dólares investidos em Moçambique, a instabilidade política aumenta os riscos para projectos em andamento, especialmente na Bacia do Rovuma, considerada uma das maiores reservas de gás do mundo. “A crescente turbulência política em Moçambique ameaça paralisar investimentos portuários significativos no país”, declarou a operadora portuária Grindrod.
A situação actual também levanta preocupações sobre a segurança marítima no Canal de Moçambique, uma rota crítica para o tráfego global de hidrocarbonetos. A regão offshore da Bacia do Rovuma contém mais de 100 trilhões de pés cúbicos de gás natural recuperável, sublinhando a necessidade de estabilidade governativa e segurança marítima.
Em suma, as manifestações pós-eleitorais em Moçambique comprometem não apenas as operações logísticas, mas também o futuro económico do País. Enquanto medidas imediatas tentam conter os danos, como a implementação de escoltas militares e grupos de gestão de crise, a solução a longo prazo requer estabilidade política e governança eficaz para proteger os interesses económicos e sociais. A relevância do Canal de Moçambique como rota estratégica sublinha a importância de uma abordagem integrada para mitigar riscos futuros.
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