
Mercado Bolsista confirma recuperação da economia
- O volume de negócios cresceu 77,8%, o índice de liquidez 50,8%, a capitalização bolsista e o seu rácio sobre o PIB tiveram um crescimento de 17,4% e 14,7%, respectivamente.
- Financiamento ao sector privado teve um crescimento de +22,3%, mas em termos absolutos continua muito abaixo do financiamento público.
Intervindo durante o “Economic Briefing” promovido pela CTA, no dia 02 de Novembro corrente, em Maputo, no auditório do BCI, atinente a análise do “Desempenho do Sector Empresarial e Perspectivas Económicas”, o PCA da BVM, Salim Cripton Valá, defendeu que apesar das perspectivas económicas globais de curto e médio prazo serem marcados por incertezas, a manter-se a situação de desaceleração económica, com duas crises globais (COVID-19 e conflito no Leste Europeu) e haver risco de estagflação (combinação de crescimento lento e inflação elevada), registou-se uma evolução positiva dos indicadores bolsistas, quer em relação ao período homólogo de 2021, quer ao 2º trimestre de 2022.
Com efeito, no 3.º Trimestre de 2022, a análise dos indicadores bolsistas face ao período homólogo de 2021 revelou uma evolução crescente, em particular o volume de negócios (+77,8%), e no indicador bolsista que lhe está associado, o índice de liquidez (+50,8%). Nesse período, a capitalização bolsista e o seu rácio sobre o PIB tiveram um crescimento de +17,4% e 14,7%, respectivamente.
Na óptica do dirigente da BVM, a economia doméstica tem estado a conhecer uma recuperação modesta desde 2021, com uma taxa de crescimento do PIB de 2,1 %, que incrementou para 4,3 % durante o 1º Semestre de 2022, uma melhoria assinalável se tiver-se em conta a retracção ocorrida em 2020, onde a taxa foi de -1,3%.
Salim Valá, nota sinais positivos de recuperação económica, cuja tendência epera que venha a manter-se, com o início da exportação do gás proveniente da plataforma flutuante no Rovuma, a retoma do apoio directo ao Orçamento do Estado pelos parceiros de cooperação, a implementação dos projectos energéticos na Bacia do Rovuma e em Inhambane, e com o dinamismo no agro-negócio, transportes e comunicações, turismo e indústria extractiva.
Salim Valá referiu que outros indicadores como o número de títulos de Dívida Corporativa (+42,9%), o financiamento ao Estado (+22,7%) e à economia (+22,6%), o número de títulos (16,4%) registados na Central de Valores Mobiliários igualmente evoluíram positivamente. O financiamento ao sector privado teve um crescimento de +22,3%, mas em termos absolutos continua muito abaixo do financiamento público. Para o PCA da BVM, “este facto evidencia as múltiplas oportunidades existentes para o sector privado recorrer ao mercado de capitais para se financiar”.
O 3.º Trimestre de 2022 findou com uma capitalização bolsista de 142.491 milhões MT, um rácio de capitalização bolsista de 20,86% sobre o PIB, um volume de negócios de 12.992 milhões MT, um índice de liquidez de quase 9,1%, um financiamento total à economia de 250.563 milhões MT, dos quais 204.984 milhões MT ao Estado e 45.579 milhões MT ao sector privado.
Salim Valá, disse na sua expanacao no “Economico Briefing” do III Trimestre, que dois aspectos constituem neste momento motivo de preocupação para a economia, sendo o primeiro “o facto de persistirem riscos e incertezas associados às projecções de inflação e a política monetária restritiva que retrai a procura de crédito”. O outro, disse, “tem a ver com o elevado potencial de crescimento económico do país, uma vez que a economia está funcionando muito abaixo do seu potencial”
Face a estas circunstâncias, Salim Valá é de opinião que os empresários e investidores moçambicanos devem se empenhar na exploração as oportunidades económicas latentes, incluindo o uso do mercado de capitais como um mecanismo alternativo de financiamento das empresas, à um custo de capital relativamente mais baixo mas exigindo, em contrapartida, melhorias na governação e gestão das empresas.