Mercado Internacional do Gás Natural Entra em Nova Fase de Excesso de Oferta e Incertezas Geopolíticas

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EUA batem recorde de exportações, Europa inicia inverno com baixos estoques e Rússia reforça eixo energético com a China

Questões-Chave:
  • Oferta global de GNL caminha para um cenário de excesso a partir de 2026, pressionando preços;
  • EUA registaram em Agosto exportações recorde de 9,33 milhões de toneladas, com a Europa a absorver 66% do volume;
  • Armazenamento europeu de gás inicia a época de aquecimento nos níveis mais baixos desde 2021;
  • Gasoduto Power of Siberia 2, entre Rússia e China, poderá redirecionar até 50 mil milhões de m³ por ano, alterando fluxos de comércio global;
  • Preços futuros tendem à queda, mas vulnerabilidades regionais podem provocar picos de volatilidade.

O mercado internacional do gás natural vive um momento de transição. Depois de anos marcados pela escassez e pela alta de preços, a oferta caminha agora para um cenário de excesso, em especial a partir de 2026. Ao mesmo tempo, tensões geopolíticas e a fragilidade dos estoques europeus mantêm a volatilidade elevada, num contexto em que os Estados Unidos consolidam a sua posição como maior exportador mundial de GNL.


De acordo com a Bloomberg, o sector prepara-se para enfrentar um período de abundância de gás natural liquefeito (GNL), que poderá empurrar os preços para os níveis mais baixos desde a crise energética de 2022, quando a invasão russa da Ucrânia provocou uma corrida global por fornecimento alternativo.

Nos Estados Unidos, as exportações líquidas de GNL atingiram um novo recorde em Agosto, com 9,33 milhões de toneladas, segundo a Reuters. A Europa absorveu 66% deste volume, confirmando a sua forte dependência do gás americano, enquanto a Ásia reduziu importações.

No entanto, a Europa entra no inverno em posição delicada: os níveis de armazenamento estão nos patamares mais baixos desde 2021, aumentando os riscos de escassez energética durante a estação fria, de acordo com análise da Equinor.

No plano geopolítico, a Rússia reforçou a sua estratégia de pivotar para o Oriente. Um acordo com a China e a Mongólia prevê a construção do Power of Siberia 2, um gasoduto com capacidade para transportar até 50 mil milhões de metros cúbicos por ano. Essa rota pode reduzir a procura chinesa por GNL importado e impactar a posição de exportadores como o Qatar e os EUA.

O quadro geral sugere que, apesar da tendência de queda dos preços globais até 2027, as vulnerabilidades regionais — como os baixos estoques da Europa ou eventuais crises políticas — continuarão a provocar oscilações nos mercados.


O gás natural mantém-se como um combustível-chave da transição energética, mas o sector enfrenta uma nova fase de abundância combinada com incerteza. Para investidores e decisores políticos, a questão central será equilibrar os ganhos da oferta crescente com a necessidade de garantir segurança energética num ambiente geopolítico cada vez mais fragmentado.

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