
Minerais Críticos Entre a Promessa da Procura e a Realidade do Excesso de Oferta
- A procura global por minerais críticos deverá quadruplicar até 2035, impulsionada pela transição energética;
- Lítio, níquel, cobalto, grafite e cobre mantêm preços deprimidos devido à sobreoferta;
- O mercado de cobre permanece praticamente em equilíbrio, apesar das previsões de défices futuros;
- Excesso de capacidade na China e Indonésia exerce pressão baixista sobre os preços;
- Produtores enfrentam dilema entre investir em novas minas ou aguardar até que a procura se materialize.
Apesar das expectativas de que a transição energética vá multiplicar a procura por minerais críticos como lítio, níquel, cobalto e cobre, os preços continuam em níveis baixos, sinalizando um desfasamento entre o otimismo da procura futura e a realidade da sobreoferta actual.
Na recente Cimeira Internacional sobre Minerais e Metais Críticos, realizada em Bali, especialistas apontaram que a procura global por metais essenciais para baterias e tecnologias renováveis deverá aumentar de três milhões de toneladas métricas este ano para 12 milhões em 2035. O cobre, fundamental para veículos eléctricos e energias renováveis, exigirá 909 mil toneladas adicionais de capacidade até 2035, segundo estimativas da Fastmarkets.
Contudo, o mercado actual mostra sinais de estagnação. O cobre continua a ser negociado em torno de US$ 10.181,50 por tonelada, praticamente o mesmo nível desde 2021, revelando que o equilíbrio entre oferta e procura está a ser ditado por factores conjunturais de curto prazo, e não por visões estruturais de longo prazo. A Fastmarkets projeta apenas défices significativos no cobre em 2033-34.
Outros minerais apresentam cenário ainda mais desafiante. O níquel, impulsionado por políticas de industrialização da Indonésia e excesso de refinarias na China, acumula uma queda acentuada: em Setembro de 2025 estava a US$ 15.175 por tonelada, um terço do pico registado em 2022. A situação repete-se no lítio e cobalto, com excesso de capacidade a manter os preços em patamares baixos.
O dilema para os produtores é claro: investir agora em novas minas, com horizonte de produção entre 2040 e 2050, na esperança de que a procura futura seja suficientemente robusta, ou adotar uma estratégia defensiva de contenção de custos até que os preços recuperem.
O padrão actual encontra paralelismo com o mercado do minério de ferro na década passada: um período prolongado de sobreoferta e preços deprimidos, seguido de recuperação e recordes, quando a China expandiu a sua produção de aço para mil milhões de toneladas anuais. A expectativa é que algo semelhante ocorra nos minerais da transição energética, embora o cenário actual seja mais complexo, devido ao reposicionamento geopolítico das cadeias de abastecimento, com esforços ocidentais para reduzir a dependência da China.
Essa tentativa de diversificação, contudo, pode gerar mais oferta em alguns mercados e manter a pressão baixista sobre os preços, a menos que políticas públicas passem a favorecer o uso de matérias-primas de custo mais elevado provenientes de fornecedores alternativos.
O sector dos minerais críticos vive, assim, uma contradição fundamental: são considerados insubstituíveis para a transição energética global, mas os sinais de mercado actual não confirmam ainda o seu valor estratégico.
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