
Moçambique 2025: Potencial energético e reformas cruciais para superar riscos e garantir crescimento – Moody’s
A agência de classificação financeira Moody’s apresentou uma análise aprofundada sobre o potencial económico de Moçambique, destacando oportunidades significativas para atrair investimentos estratégicos, mas alertando para riscos substanciais que ameaçam o progresso económico do país. A melhoria na perspectiva para a África Subsaariana em 2025 reflete, em parte, o reconhecimento do papel central de Moçambique em sectores-chave como o energético e o de infraestrutura.
O setor energético continua a ser uma das maiores forças motrizes do crescimento económico moçambicano. A Bacia do Rovuma, que abriga algumas das maiores reservas de gás natural do mundo, atrai uma atenção crescente por parte de investidores estrangeiros. Este recurso posiciona Moçambique como um actor estratégico na transição energética global, oferecendo ao país a possibilidade de captar capital para novas explorações e para o desenvolvimento de infraestruturas associadas. Além disso, projetos de modernização nas redes de transporte, telecomunicações e energia têm recebido investimentos estratégicos, fortalecendo a competitividade da economia moçambicana e promovendo um ambiente mais favorável ao investimento privado.
Contudo, este cenário promissor é temperado por uma série de riscos e desafios que, segundo a Moody’s, podem comprometer o crescimento económico esperado. A instabilidade política é um dos principais entraves identificados. A crise eleitoral de outubro de 2024, marcada por protestos após o anúncio dos resultados, gerou incerteza sobre o ambiente governativo. O retorno de Venâncio Mondlane, figura proeminente da oposição, reacendeu tensões políticas, levantando dúvidas sobre a estabilidade institucional nos próximos meses. Este ambiente de incerteza política é especialmente preocupante para investidores, que tendem a adotar posturas mais cautelosas em cenários de imprevisibilidade.
Outro ponto crítico destacado pela Moody’s é o elevado nível de endividamento externo de Moçambique. A pressão crescente sobre a dívida pública, exacerbada pela valorização do dólar norte-americano, representa um risco significativo para a sustentabilidade económica do país. O aumento dos custos do serviço da dívida limita a capacidade do governo de investir em sectores essenciais para a diversificação da economia, tornando ainda mais urgente a implementação de reformas fiscais robustas. Estas reformas são necessárias não apenas para assegurar maior sustentabilidade financeira, mas também para atrair financiamento externo em condições mais favoráveis.
Além das questões políticas e económicas, a vulnerabilidade ambiental é outro factor de risco destacado pela Moody’s. Moçambique é um dos países mais expostos a eventos climáticos extremos, como ciclones e secas, que têm causado danos significativos à produção agrícola e comprometido a segurança alimentar. A frequência e intensidade crescentes desses desastres não apenas afetam as comunidades mais vulneráveis, mas também têm repercussões económicas profundas, reduzindo a produtividade e pressionando ainda mais as finanças públicas.
Apesar dos desafios, a Moody’s mantém uma visão cautelosamente optimista para o futuro de Moçambique. A agência acredita que o país possui um potencial significativo de crescimento, mas enfatiza que a realização desse potencial dependerá da capacidade de superar os obstáculos internos. Garantir maior estabilidade política, fortalecer a gestão da dívida e acelerar reformas económicas que promovam um ambiente de negócios mais resiliente são medidas cruciais para sustentar o crescimento. Adicionalmente, uma abordagem mais estratégica e integrada ao enfrentamento das vulnerabilidades ambientais pode ajudar a mitigar os riscos associados a desastres naturais, assegurando maior resiliência económica e social.
O ano de 2025 é visto como um momento decisivo para Moçambique. A capacidade do país de equilibrar o aproveitamento das suas vantagens estratégicas com a resolução dos seus desafios estruturais definirá não apenas o seu desempenho económico no curto prazo, mas também o caminho para um crescimento sustentável e inclusivo nos anos vindouros. O setor energético e os investimentos em infraestrutura continuarão a desempenhar um papel central nesta trajetória, mas será necessário um compromisso firme com as reformas políticas e económicas para garantir que Moçambique alcance o pleno potencial do seu desenvolvimento.
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