
Moçambique Precisa de 37,2 Mil Milhões USD Para Garantir Resiliência Climática
Na COP30, o Presidente Daniel Chapo apelou a uma acção climática urgente e a uma nova arquitectura de financiamento internacional que assegure justiça ambiental para os países mais vulneráveis. O Governo estima em 37,2 mil milhões de dólares o investimento necessário até 2030 para fortalecer a resiliência climática e acelerar a transição verde.
- O Presidente Daniel Chapo defendeu, na COP30, a criação de uma arquitectura financeira internacional justa e inclusiva, capaz de responder aos desafios climáticos das economias vulneráveis;
- Moçambique necessita de 37,2 mil milhões USD até 2030 para implementar o seu Plano de Resiliência Climática;
- Apenas 20% das necessidades de financiamento climático foram até agora asseguradas por fundos e parcerias internacionais;
- O país apela à mobilização efectiva de fundos verdes, com enfoque na adaptação, mitigação e reconstrução pós-desastres;
- O Governo pretende posicionar Moçambique como líder africano na resiliência e transição energética sustentável.
Moçambique precisa de 37,2 mil milhões de dólares para garantir a sua resiliência climática até 2030, revelou o Presidente Daniel Chapo durante o seu discurso na COP30, em Belém do Pará, Brasil. O Chefe de Estado apelou a uma acção climática global urgente e à reforma do sistema financeiro internacional, de modo a permitir que os países mais vulneráveis — e menos responsáveis pelas emissões globais — tenham acesso equitativo ao financiamento climático.
No seu discurso perante líderes mundiais e representantes de organizações multilaterais, o Presidente Daniel Chapo afirmou que Moçambique está na linha da frente da crise climática, sendo um dos países mais expostos a ciclones, cheias e secas no continente africano. Apesar disso, sublinhou, o país tem demonstrado “liderança e compromisso com a agenda global do clima”, ao implementar políticas de mitigação, adaptação e conservação ambiental.
“Apelamos à justiça ambiental e à acção climática urgente. As nações menos poluidoras estão a pagar o preço mais alto das mudanças climáticas. O tempo da retórica terminou — é hora de compromissos reais”, afirmou o Presidente.
Segundo a estimativa apresentada, Moçambique precisa de mobilizar 37,2 mil milhões de dólares até 2030 para executar os seus planos de adaptação, mitigação e reconstrução climática, previstos no Programa Nacional de Adaptação (NAP) e na Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável.
Até ao momento, apenas cerca de 20% do total necessário foi efectivamente assegurado através de mecanismos de cooperação internacional, incluindo o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Ambiente (GEF) e programas bilaterais de apoio. O Presidente alertou que, sem novos mecanismos de financiamento e sem a participação activa das economias avançadas, os países africanos continuarão presos a um ciclo de vulnerabilidade e dependência.
Financiamento Verde e Responsabilidade Global
O Chefe de Estado moçambicano defendeu a criação de um sistema global de financiamento verde, assente em critérios de equidade, transparência e acessibilidade. A proposta inclui o alívio da dívida pública verde, a canalização directa de fundos para projectos de adaptação comunitária e a simplificação do acesso aos fundos climáticos internacionais.
Moçambique tem investido em energias limpas, reflorestamento, gestão sustentável de recursos hídricos e agricultura resiliente, mas enfrenta restrições financeiras que limitam a expansão destas iniciativas. “A transição energética deve ser justa e inclusiva”, defendeu Daniel Chapo, lembrando que os países africanos não podem ser penalizados por uma transição imposta sem financiamento adequado.
O país compromete-se, entretanto, a reduzir gradualmente as emissões de gases com efeito de estufa e a aumentar a quota de energias renováveis na matriz nacional, actualmente sustentada por hidroenergia e gás natural.
Moçambique na Vanguarda da Adaptação Climática em África
Com a apresentação do seu plano de resiliência, Moçambique procura consolidar o seu papel de liderança continental no debate climático, reforçando o alinhamento com a Agenda 2063 da União Africana e com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O país tem sido um dos mais afectados por eventos climáticos extremos — com perdas anuais estimadas entre 1,5% e 2% do PIB — e enfrenta uma pressão crescente para equilibrar as exigências de reconstrução com a necessidade de desenvolvimento sustentável.
No entanto, a agenda climática surge também como uma oportunidade estratégica. O Executivo moçambicano procura transformar a vulnerabilidade em vantagem, promovendo projectos de energia solar, eólica e hídrica, bem como programas de educação ambiental, reflorestamento e finanças verdes.
“A luta contra as mudanças climáticas é também uma luta pela dignidade e pela sobrevivência das nossas comunidades. Exigimos justiça ambiental e solidariedade internacional para um futuro comum mais sustentável”, concluiu o Presidente Daniel Chapo, em Belém do Pará.
Oportunidade e Responsabilidade Partilhada
O discurso de Moçambique na COP30 reforça uma mensagem clara: o país está pronto para liderar pelo exemplo, mas precisa de meios financeiros proporcionais aos desafios que enfrenta. A mobilização dos 37,2 mil milhões de dólares não é apenas uma questão de financiamento — é um teste à solidariedade internacional e à credibilidade do compromisso global com o clima.
O caminho da resiliência passa, agora, por unir pragmatismo económico e acção ambiental, convertendo promessas em resultados concretos.
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