Nyusi enfatiza pertinência de uma transição energética justa

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  • Comportamento egoísta dos países ricos estão a empurrar o mundo para a catástrofe

O Governo moçambicano defende uma transição energética justa e que sirva de trampolim para permitir que os países pobres identifiquem e adaptem novas janelas de oportunidade para a diversificação da matriz energética.

A posição foi assumida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante o seu discurso proferido na noite da última terça-feira (19), na cidade norte-americana de Nova Iorque, durante a 78ª sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Nyusi frisa que a transição para as energias renováveis deve acontecer sem prejuízo para o desenvolvimento dos países mais pobres. Por isso, deve ser uma transição mais justa que permita aos países menos desenvolvidos consolidar as suas economias.

“A transição energética é um imperativo global visando construir sociedades mais resilientes e sustentáveis. No entanto, defendemos que a transição energética deve ser justa e deve servir de rampa de modo a permitir aos países pobres encontrar uma janela de oportunidade para a diversificação da matriz energética de forma a consolidar as suas economias”, disse o estadista moçambicano.

Segundo Nyusi, tratar-se de um processo que necessita de grandes investimentos, razão pela qual chama aos países mais desenvolvidos a apoiar neste sentido.

“A transição energética requer investimentos de vulto, em projectos de geração de energia a partir de fontes limpas [daí que] mais uma vez convidamos os países mais industrializados para serem solidários incrementando o financiamento climático”, disse.

Na ocasião, destacou que Moçambique “é uma referência regional pela diversidade da sua matriz energética que inclui barragens hidroeléctricas, com destaque para Cahora Bassa, centrais solares e eólicas estando em curso o projecto de construção da barragem de Mphanda Nkuwa”.

Anotou que no transacto Moçambique juntou-se ao grupo de países produtores e exportadores de gás natural liquefeito, um passo muito importante para acelerar a transição energética.

De acordo com o estadista, o sector energético em Moçambique é dominado pela energia hídrica com capacidade para produzir 2.172 megawatts, solar 95 megawatts, gás 441 megawatts, e diesel 120 megawatts, num momento em que se fala da potencial de entrada em operação da central térmica de Temane no último trimestre de 2024 com capacidade de 450 megawatts e a longo prazo a hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa com capacidade de 1.500 megawatts.

Nos últimos anos, os países mais desenvolvidos têm vindo a pressionar para o banimento de fontes de energia mais poluentes, particularmente o carvão, de modo a reduzir a emissão de gases estufa.  

Presidente da República, Filipe Nyusi, durante o seu discurso proferido na 78ª sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Egoísmo dos países ricos são fonte de catástrofe

Filipe Nyusi frisou no seu discurso na 78ª AG da ONU que, devido ao comportamento egoísta das nações mais ricas, o mundo está à beira de uma catástrofe climática,

Nyusi disse que são os países responsáveis ​​pela maior parte da poluição que continuam a emitir carbono, o que aumenta a temperatura do planeta e, portanto, provoca as alterações climáticas. E os que mais sofrem com as alterações climáticas são os países mais pobres, que pouco contribuíram para as emissões de gases com efeito de estufa.

 Nyusi sublinhou que a localização de Moçambique torna-o particularmente vulnerável às alterações climáticas, nomeadamente através de repetidos ciclones tropicais que têm causado um pesado fardo em termos de perda de vidas e danos materiais.

A ajuda para reparar os danos causados ​​pelo ciclone foi prometida, mas não foi entregue. “Moçambique não tem conseguido recuperar nem um terço dos danos causados ​​pelos acontecimentos climáticos, porque o apoio dos nossos parceiros tem estado muito aquém do que é necessário e do que foi prometido”, disse Nyusi.

Ele dirigiu palavras duras aos doadores que desperdiçam dinheiro falando em assuntos em vez de ajudar os necessitados. “Em vez de se concentrarem directamente nas preocupações da população, os doadores gastam mais dinheiro em capacitação, conferências e questões burocráticas, em vez de prestarem apoio directo aos necessitados”, denunciou.

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