_Reflectindo o impacto do ajustamento dos preços dos bens administrados resultante do choque na cadeia global de suprimentos, o custo de vida no País segue com a tendência de deterioração. Perspectivas com tom cada vez mais pessimista.

Um teste a política monetária com implicações adversas sobre o padrão de vida das famílias, sobretudo as menos favorecidas, esta é uma das formas como pode ser descrito o actual clima inflacionista.

As últimas perspectivas sobre a economia doméstica apontam mesmo para uma maior deterioração do poder de compra dos consumidores, um resultado direto das perturbações na cadeia de fornecimento das commodities do sector energético e alimentares relacionadas com o conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia.

Essencialmente, um reflexo dos custos mais elevados dos produtos alimentares e dos combustíveis, principais commodities importadas pelo país, que estão cerca de 13% e 30% mais caros que o ano transacto, respectivamente.

Na sua mais recente análise à economia nacional, a consultora Oxford Economics procedeu a uma revisão em alta das suas perspectivas sobre a evolução do nível de preços no curto prazo, antevendo uma aceleração da inflação média para acima de 9% em 2022, contra os 5,7% registados em 2021.

Seguindo o mesmo tom pessimista, o Standard Bank também actualizou o cenário de subida de preços no País, prevendo agora que a inflação quebre a barreira dos dois dígitos acelerando para 11,7% este ano, em relação a 2021, 2,3 pontos percentuais acima dos 9,4% indicados na sua última previsão.

Com a contínua repercussão dos desenvolvimentos na conjuntura externa, a manutenção de uma inflação baixa e estável tem sido um objectivo cada vez mais difícil de prosseguir.

A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Nacional de Estatísticas, continua a testar máximos históricos, evidenciado a manutenção de pressões para novas deteriorações no poder de compra dos consumidores.

Segundo dados do último boletim do IPC da Autoridade Estatística Nacional, a inflação homóloga acelerou para 9,31% em Maio, um nível que não é atingido desde de Setembro de 2017. Cumulativamente, o País registou, de Janeiro a Maio do ano em curso, um aumento de preços na ordem de 5,56%.

Considerando o posicionamento implacável do Autoridade Monetária quando se trata da aplicação de “medidas correctivas necessárias” para a manutenção da estabilidade da moeda nacional, estes desenvolvimentos só fazem antever a implementação de condições financeiras mais restritivas nos próximos tempos. Com efeito, o Standard Bank prevê que os aumentos da taxa de política monetária (taxa MIMO) totalizem até 300 pontos base no final do ano, ou seja, dos atuais 15,25% até um máximo de 18,25%.

Trata-se de um fenómeno com um impacto directo e adverso no padrão de vida das famílias, principalmente considerando que a relativa rigidez das remunerações não permite acompanhar os ajustes nos preços para assegurar a manutenção do seu poder de compra. O próprio Governo já expressou preocupação com esta tendência de “corrosão” do poder de compra das famílias, tendo inclusive apontando a necessidade de implementação de medidas “urgentes”, com foco na implementação de acções com reflexos na estrutura do custo dos combustíveis importados, outras de natureza fiscal e ainda a gestão cambial, por forma a atenuar a deterioração das condições de vida dos moçambicanos. (OE)

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.