Ouro atinge máximo histórico com shutdown nos EUA e expectativas de corte das taxas pela Fed

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Questões-Chave:
  • O ouro atingiu um novo recorde histórico de 3.898,18 USD/onça no mercado à vista;
  • A valorização é impulsionada pelo shutdown do governo norte-americano e pela expectativa quase certa (95%) de corte das taxas de juro pela Reserva Federal;
  • O dólar enfraqueceu face a outras moedas, tornando o ouro mais acessível a compradores internacionais;
  • A procura por activos refúgio intensificou-se em contexto de incerteza económica e geopolítica;
  • Prata também disparou para um máximo de 14 anos (47,22 USD/onça), enquanto platina e paládio registaram ganhos moderados.

O ouro consolidou-se esta quarta-feira como o activo-refúgio por excelência, atingindo 3.898,18 USD por onça, o valor mais elevado de sempre, sustentado pelo shutdown do governo dos Estados Unidos e pela expectativa generalizada de que a Reserva Federal vá cortar taxas de juro ainda este mês.

A cotação do ouro à vista subiu 0,8% para 3.886,97 USD/onça às 10h55 GMT, após tocar o pico de 3.898,18. Os contratos futuros para Dezembro ganharam 1,1%, para 3.914,50 USD.

O movimento foi alimentado pela procura de activos considerados seguros. A incapacidade do Congresso norte-americano em aprovar o orçamento provocou a paralisação parcial da máquina governamental, ameaçando milhares de empregos e atrasando a publicação de dados macroeconómicos cruciais, como o relatório de emprego não-agrícola (NFP).

Em paralelo, os investidores avaliam que a Reserva Federal tem margem para avançar com cortes de juros. Segundo o CME FedWatch Tool, existe uma probabilidade de 95% de que a decisão seja tomada já este mês.

“O dólar está a enfraquecer com a expectativa de uma Fed cada vez mais dovish. Este movimento ganhou força depois da falha em aprovar o pacote orçamental, o que desencadeou o shutdown e poderá penalizar o crescimento económico”, explicou Ricardo Evangelista, analista da ActivTrades.

A fraqueza do dólar torna o ouro, cotado em dólares, mais barato para investidores estrangeiros, reforçando ainda mais a procura.

Contexto macroeconómico

O ouro é um activo que não gera rendimento, mas em cenários de taxas de juro baixas ou de incerteza económica tende a atrair fluxos consideráveis. A conjugação de instabilidade política nos EUA, risco de recessão e expectativas de estímulos monetários cria o ambiente ideal para a escalada do metal precioso.

Carsten Menke, analista do Julius Baer, nota que a Fed não precisa de esperar pelo relatório de emprego para decidir. “O banco central tem espaço para mais afrouxamento monetário”, afirmou.

Outros metais preciosos

A euforia contagiou outros metais:

  • A prata avançou 1,2% para 47,22 USD/onça, o valor mais alto em mais de 14 anos;
  • A platina subiu 0,4% para 1.580,55 USD;
  • O paládio manteve-se estável em 1.259,68 USD.

O rali do ouro espelha não apenas a turbulência orçamental em Washington, mas também a fragilidade da economia norte-americana e global. Se confirmados os cortes de taxas da Fed, o metal poderá consolidar-se em novos patamares, com analistas a apontarem que o “super-ciclo” do ouro ainda não atingiu o seu auge.

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