
Ouro perde fôlego após rally recorde: especialistas alertam para correcções de curto prazo
- Após ter brilhado como activo de refúgio em Abril, o ouro enfrenta sinais de exaustão, com queda de 5% e mudanças no sentimento dos investidores
O ouro, que recentemente atingira níveis históricos impulsionado pela guerra comercial de Donald Trump e pela procura por activos de segurança, recuou mais de 5% em poucos dias. Analistas sugerem que a subida estava desfasada dos fundamentos e que uma correcção poderá consolidar-se no curto prazo.
O rally do ouro, que durante Abril ofuscou a performance de outros activos como os Treasuries e as acções americanas, começa a mostrar sinais de esgotamento. O preço do metal precioso já caiu mais de 5% em relação ao seu pico intradiário registado a 21 de Abril, num contexto de diminuição das tensões comerciais que anteriormente alimentaram a procura por activos de refúgio.
Segundo dados da Commodity Futures Trading Commission, gestores de hedge funds reduziram as suas posições líquidas compradas em futuros e opções sobre o ouro para os níveis mais baixos em mais de um ano, um sinal claro de enfraquecimento do apetite especulativo.
Ao mesmo tempo, a negociação de opções sobre o SPDR Gold Shares ETF ultrapassou 1,3 milhões de contratos, um recorde absoluto, revelando uma forte actividade especulativa. Curiosamente, enquanto o custo de cobertura contra quedas manteve-se perto dos níveis mais baixos desde Agosto, a volatilidade implícita disparou, um comportamento considerado atípico.
Especialistas, como Tanvir Sandhu, estratega-chefe global de derivados da Bloomberg Intelligence, notaram semelhanças entre o comportamento do ouro e do bitcoin, activos que apresentaram dinâmicas de subida de preço e aumento de volatilidade em simultâneo.
Apesar da recente valorização, analistas do Barclays advertiram que o ouro está “deslocado” em relação aos seus factores fundamentais tradicionais — como o comportamento do dólar norte-americano e as taxas de juro reais. “Os fundamentos técnicos estão a começar a ficar um pouco esticados”, alertou Stefano Pascale, estratega da instituição.
Face a este cenário, o Barclays recomenda uma estratégia de “risk reversal” — venda de calls e compra de puts com vencimento em Junho — para investidores que desejem proteger-se de potenciais quedas, sem custos adicionais imediatos.
Embora o indicador proprietário do Barclays aponte que o sentimento do mercado permanece positivo, a instituição reforça que os riscos de correcção aumentaram consideravelmente. “Obviamente, esta operação é maioritariamente direccional, e para que resulte, o ouro precisa efectivamente de cair”, concluiu Pascale.
A comparação com o bitcoin, sugerida também por Garrett DeSimone, da OptionMetrics, deixa no ar a possibilidade de movimentos acentuados em ambas as direcções, à medida que a volatilidade permanece dentro dos parâmetros históricos.
Com um mercado dividido entre o optimismo e a prudência, o ouro, por ora, parece caminhar numa linha ténue entre a continuidade do seu estatuto de refúgio e a necessidade de um ajuste mais próximo dos seus fundamentos económicos.
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