Petróleo em queda devido a Preocupações Sobre a Procura a Sobreporem-se ao Corte de Taxas da Fed
- Brent recuou 0,2% para 67,29 USD e o WTI desvalorizou 0,4% para 63,34 USD por barril;
- Expectativas de maior consumo devido ao corte de taxas da Fed não compensaram sinais de fraqueza na procura;
- Estoques de destilados nos EUA aumentaram em 4 milhões de barris, muito acima da previsão de 1 milhão;
- Agências de energia alertam para o enfraquecimento da procura global;
- Oferta pressionada por aumentos de produção da OPEP+ e excesso de inventários nos EUA;
- Rússia anuncia medidas para proteger orçamento contra sanções e flutuações nos preços do petróleo.
Os preços do petróleo recuaram esta sexta-feira, com as preocupações em torno da procura de combustíveis nos Estados Unidos a superarem o optimismo inicial gerado pelo corte de juros decidido pela Reserva Federal. Apesar da descida no dia, os dois principais referenciais petrolíferos encaminham-se para fechar a semana em alta pela segunda vez consecutiva.
No mercado de Londres, os futuros do Brent desceram 15 cêntimos (0,2%) para 67,29 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) recuou 23 cêntimos (0,4%) para 63,34 dólares, às 04h32 GMT.
A decisão da Reserva Federal de reduzir em 25 pontos base a sua taxa directora, anunciada na quarta-feira, aumentou as expectativas de estímulo à procura e de suporte ao consumo energético. Contudo, os dados de inventários e do mercado laboral norte-americano reforçaram a percepção de um cenário de procura enfraquecida.
Segundo Priyanka Sachdeva, analista da Phillip Nova, “o mercado encontra-se encurralado entre sinais contraditórios. Do lado da procura, todas as agências de energia, incluindo a EIA, têm alertado para fragilidades, limitando as expectativas de ganhos significativos nos preços. Do lado da oferta, os aumentos planeados de produção da OPEP+ e o excesso de inventários de combustíveis nos EUA pressionam o sentimento.”
O relatório mais recente revelou que os estoques de destilados nos EUA subiram em 4 milhões de barris, superando largamente a previsão de apenas 1 milhão. A acumulação inesperada de produtos refinados reacendeu as dúvidas quanto à robustez da procura no maior consumidor mundial de petróleo.
A par disso, os indicadores macroeconómicos norte-americanos acrescentaram cautela. Os novos pedidos de subsídio de desemprego evidenciaram uma desaceleração do mercado de trabalho, enquanto a construção de habitações unifamiliares caiu para o nível mais baixo em dois anos e meio, sinalizando menor dinamismo económico.
No plano internacional, a Rússia – segundo maior produtor mundial de crude em 2024 – anunciou medidas para proteger o orçamento estatal face à volatilidade dos preços e às sanções ocidentais, reduzindo parte das preocupações sobre disrupções na oferta. A posição do Presidente Donald Trump, ao declarar preferência por preços mais baixos em detrimento de sanções adicionais a Moscovo, também ajudou a aliviar o risco de constrangimentos na produção russa.
Apesar do recuo diário, tanto o Brent como o WTI permanecem a caminho de encerrar a semana em terreno positivo, apoiados pela expectativa de cortes adicionais da Fed e pela percepção de que os preços baixos poderão estimular gradualmente a procura global.
