Petróleo Recua Apesar de Optimismo Cauteloso com Alívio nas Tarifas EUA-China

Destaques 

• Brent recua 0,6% para 66,24 USD por barril; WTI desce 0,6% para US% 63,31 ;
• EUA e China acordam reduzir tarifas: de 145% para 30% e de 125% para 10%, respectivamente;
•  Inventários norte-americanos aumentam 4,3 milhões de barris na semana até 9 de Maio;
• Sanções dos EUA contra empresas ligadas ao petróleo iraniano acentuam clima de incerteza

Pairam expectativas de um aumento acentuado nos inventários norte-americanos que colocam travão ao entusiasmo dos mercados, mesmo perante o aparente degelo nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Com efeito, os preços do petróleo registaram uma ligeira queda na quarta-feira, interrompendo uma trajectória de recuperação, à medida que os operadores do mercado petrolífero reavaliam o impacto de uma possível subida abrupta nas reservas de crude dos Estados Unidos. O movimento contrasta com o entusiasmo gerado por um recente acordo entre Washington e Pequim para a redução temporária das tarifas recíprocas.

Mercados entre a confiança e a cautela

Após uma sessão anterior marcada por ganhos superiores a 2,5%, os contratos futuros do Brent e do WTI caíram ambos 0,6%, interrompendo uma sequência de alta sustentada pela trégua tarifária entre os EUA e a China. O mercado reagiu com reservas à expectativa de um aumento significativo nos inventários norte-americanos de crude, estimado em 4,3 milhões de barris na semana finda em 9 de Maio, segundo dados do American Petroleum Institute.

“O cessar-fogo comercial entre os EUA e a China pode ter criado uma narrativa que reanima a procura num contexto de optimismo cauteloso,” observou Priyanka Sachdeva, analista sénior da Phillip Nova. No entanto, advertiu que o aumento dos inventários sinaliza fragilidades persistentes na frente da procura, alertando para a possibilidade de uma nova reviravolta.

Geopolítica e estratégia energética dominam agenda

O mercado observa igualmente os desdobramentos da viagem do Presidente norte-americano Donald Trump ao Golfo Pérsico, iniciada com uma intervenção num fórum de investimentos em Riade. Entre os anúncios, destaca-se a promessa de levantamento das sanções impostas à Síria e a obtenção de um compromisso saudita de investimento no valor de 600 mil milhões de dólares.

De acordo com Mukesh Sahdev, responsável global de mercados de matérias-primas da Rystad Energy, “evitar picos nos preços do petróleo durante a época alta de viagens de Verão será um ponto-chave da agenda presidencial.” O analista não exclui a possibilidade de os EUA aproveitarem os preços mais baixos para reforçar a sua Reserva Estratégica de Petróleo com crude do Médio Oriente.

Sanções adicionais e incertezas persistentes

Apesar do recente degelo comercial, a tensão geopolítica permanece latente. Na terça-feira, os EUA impuseram novas sanções a cerca de 20 empresas acusadas de colaborar com as Forças Armadas iranianas, facilitando o envio de petróleo para a China. Esta medida surge após a quarta ronda de negociações EUA-Irão, realizadas em Omã, com o objectivo de destravar o impasse em torno do programa nuclear iraniano.

“O grande ponto de interrogação para o mercado continua a ser o impacto das acções dos EUA relativamente ao Irão, Rússia e Venezuela, quer na forma de perturbações de oferta ou novas adições,” concluiu Sahdev.