
PETRÓLEO SOB PRESSÃO: O AUMENTO DA PRODUÇÃO DA OPEP OFUSCA OPTIMISMO COM O ACORDO EUA–CHINA
- Os preços do Brent e do WTI recuam ligeiramente, reflectindo expectativas de aumento da produção pela OPEP+;
- A Organização e os seus aliados, incluindo a Rússia, ponderam um novo incremento de produção em Dezembro;
- A reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, em Seul, alimenta esperanças de um acordo comercial que estimule a procura;
- Sanções impostas aos produtores russos provocam impacto limitado devido à capacidade excedentária global;
- Perspectiva para África: pressão descendente sobre receitas energéticas, mas alívio parcial nos custos logísticos e de importação.
Os preços do petróleo voltaram a cair ligeiramente esta terça-feira, 28 de Outubro de 2025, à medida que as expectativas de aumento da produção pela OPEP+ anularam o optimismo gerado pelas negociações entre os Estados Unidos e a China. Analistas consideram que, embora a diplomacia económica entre as duas maiores economias do mundo possa impulsionar a confiança dos mercados, a realidade de uma oferta global ainda abundante impõe limites claros à recuperação das cotações.
Pressão de Oferta Anula Sentimento Positivo do Mercado
De acordo com a Reuters, o Brent recuou 3 cêntimos para 65,59 dólares por barril, enquanto o WTI desceu 5 cêntimos, para 61,26 dólares.
Os investidores ponderaram o progresso nas conversações EUA-China e a evolução da oferta global. “Os traders avaliaram os avanços nas conversações e a perspectiva mais ampla da oferta”, referiu o ANZ Bank numa nota de análise matinal.
OPEP+ Reforça Estratégia de Produção Gradual
Quatro fontes próximas das negociações revelaram que a OPEP+ — que reúne os países da Organização dos Exportadores de Petróleo e aliados como a Rússia — tenciona anunciar um novo aumento modesto da produção em Dezembro. Após anos de restrições para estabilizar o mercado, o grupo começou a reverter os cortes desde Abril, sinalizando uma viragem gradual na política de controlo da oferta.
Essa decisão surge num momento em que os estoques permanecem elevados e a procura global revela sinais de abrandamento, sobretudo devido à menor actividade industrial na China e na Europa. A própria Agência Internacional de Energia (AIE) adverte que o mercado pode enfrentar pressões descendentes persistentes até ao final do ano, com excesso de capacidade e baixa taxa de refino sazonal.
Diplomacia Comercial Sustenta Expectativas de Procura
Em contrapartida, a expectativa de um acordo comercial entre Washington e Pequim mantém algum suporte psicológico nos preços. O encontro entre o Presidente Donald Trump e o Presidente Xi Jinping, previsto para quinta-feira em Seul, poderá definir um novo rumo para o comércio global e para a procura de energia. Pequim manifestou esperança de que Washington “possa encontrar um ponto de equilíbrio” que permita retomar interacções de alto nível, segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, em contacto telefónico com o Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
Sanções à Rússia Geram Efeito Limitado no Mercado Global
O mercado reagiu também às sanções impostas por Trump às petrolíferas russas Lukoil e Rosneft, as primeiras do seu segundo mandato. Em resposta, a Lukoil anunciou a venda dos seus activos internacionais, marcando a acção mais significativa de uma empresa russa desde o início da guerra na Ucrânia.
Apesar disso, o Director-Executivo da AIE, Fatih Birol, sublinhou que o impacto das sanções deverá ser limitado, dado o actual excedente de capacidade e a expansão da produção não-OPEP. A Haitong Securities reforçou essa leitura, antecipando que o excesso de oferta continuará a pressionar os preços a médio prazo.
Repercussões para África: Entre Alívio e Incerteza Fiscal
A evolução recente do mercado tem implicações distintas para os países africanos. Para os exportadores, a tendência descendente das cotações traduz-se em menores receitas fiscais e em menor atractividade para investimentos em exploração e produção, o que pode atrasar decisões estratégicas em projectos de energia e gás. Já para os países importadores, como Moçambique, a conjuntura actual representa um certo alívio, na medida em que reduz os custos de importação de combustíveis e contribui para a atenuação das pressões inflacionistas, especialmente nos sectores do transporte e da logística.
Para Moçambique, este contexto representa uma janela de alívio temporário, mas também um desafio estratégico: a volatilidade contínua dos preços da energia exige uma política de transição energética robusta e uma estrutura fiscal adaptável, capaz de mitigar os efeitos das flutuações do mercado global.
Perspectiva: Petróleo Mantém-se sob Vigilância
Embora as tensões geopolíticas e as sanções possam ocasionalmente impulsionar as cotações, o cenário de base mantém-se de pressão moderadamente descendente sobre os preços do petróleo. Com os mercados a ajustarem-se a um equilíbrio precário entre política e economia, o petróleo mantém-se sob vigilância — um barómetro sensível do estado da economia global e das expectativas quanto ao crescimento mundial.
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