
Preços dos alimentos impulsionam inflação na África Subsaariana
Os preços de alimentos seguem em alta, superando e contribuindo significativamente para o aumento da inflação geral dos preços ao consumidor na África Subsaariana, alerta o Fundo Monetário Internacional – FMI.
“Depois de permanecer estável em torno de 7 – 8 por cento (ano a ano) desde o início da pandemia, a inflação dos alimentos começou a subir novamente a partir de abril deste ano para cerca de 10 por cento em outubro”, revelou Seung Mo Choi, Economista Sénior do Departamento Africano do Fundo, numa publicação realizada esta segunda-feira, 06/12.
Em termos gerais, os dados apontam para um aumento dos preços dos alimentos em toda a região, no entanto, os ritmos de crescimento são díspares ao nível dos 47 países – enquanto a inflação dos alimentos no Chade é quase nula, num outro extremo, Angola destaca-se com taxas em torno de 30%. “Isso sugere que factores domésticos, como clima e taxas de câmbio, são contribuintes importantes para a inflação de alimentos nos países da África Subsaariana”, conclui o economista.
Apesar de ser mais expressivo ao nível da região, onde os alimentos representam cerca de 40 por cento da cesta de consumo usada para medir a inflação do índice de preços ao consumidor (IPC), o aumento dos preços constitui uma tendência generalizada.
Com efeito, segundo dados divulgados semana finda pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla inglesa), os preços mundiais dos alimentos subiram pelo quarto mês consecutivo em novembro, permanecendo nas máximas de dez anos, liderados pela forte demanda por trigo e produtos lácteos. O índice de preços dos alimentos, que monitora os preços internacionais das commodities alimentícias mais negociadas globalmente, teve uma média de 134,4 pontos no mês passado, em comparação com a revisão de 132,8 para outubro
Em uma escala global, explicou o analista, além do aumento dos preços do petróleo, secas e restrições à exportação impostas por alguns dos principais exportadores de alimentos e stocks em alguns países, as medidas de contenção da pandemia, que interromperam a produção e as importações de sementes e fertilizantes e causaram escassez de mão-de-obra durante as épocas de plantio, são os apontadas como os principais factores na origem do recente aumento na inflação dos alimentos.
_As perspectivas são altamente incertas
As projecções apontam para uma subida da inflação média ao longo de 2021 antes de diminuir no próximo ano, no entanto, os riscos e incertezas são elevados.
A evolução da inflação média na região irá depender, fundamentalmente, dos preços das commodities e da resolução dos descompassos entre oferta e demanda, frisou: “A inflação dos alimentos e a inflação do IPC podem ser moderadas se os preços das commodities relaxarem e as interrupções na cadeia de abastecimento global induzidas pela pandemia se resolverem”.
Elaborando sobre as consequências da actual tendência dos preços, o especialista do fundo destacou que o aumento da inflação dos alimentos pioraria a situação dos países que já enfrentam insegurança e escassez de alimentos, com impacto desproporcional nas famílias pobres. Estima-se que o número de pessoas subnutridas na região deve ter aumentado 20% em 2020, abrangendo 264 milhões de pessoas.
Neste contexto, “o combate à insegurança alimentar por meio de assistência social e seguros direcionados pode ajudar as populações a lidar com a situação. Evitar barreiras comerciais e melhorar o acesso ao financiamento, stocks de sementes, inseticidas, fertilizantes, medidas anti-erosão e irrigação também são importante”, ajustou. (OE)
















