
Senegal Entra em Território de ‘Debt Distress’ Após Falha de Acordo com o FMI e Alarme no Mercado de Eurobonds
O prémio de risco soberano do Senegal atingiu 1 077 pontos base — o nível mais alto de sempre — empurrando o país para o limiar de incumprimento e colocando-o ao lado de Moçambique e Gabão numa lista de Estados africanos excluídos dos mercados internacionais.
- Spreads do Senegal sobre Treasuries sobem para 1 077 pontos base, máximo histórico;
- Moçambique e Gabão também negociam acima ou perto do limiar de 1 000 pb, considerado zona de ‘debt distress’;
- Colapso deve-se à falta de acordo com o FMI e à recusa do Governo senegalês em reestruturar a dívida;
- Yield dos eurobonds 2031 dispara para 16,87%;
- Revisão técnica do FMI alerta para “significativas vulnerabilidades da dívida”;
- Analistas descartam risco de contágio continental.
O Senegal entrou formalmente na zona de sobre-endividamento, depois de o prémio de risco sobre os seus eurobonds ter ultrapassado os 1 000 pontos base, atingindo 1 077 pontos — um recorde histórico que coloca o país ao lado de Moçambique e Gabão na lista de Estados africanos praticamente excluídos dos mercados internacionais.
As obrigações senegalesas afundaram-se para novos mínimos esta semana, agravando-se após a visita do FMI a Dakar ter terminado sem um novo programa de financiamento. A ausência de consenso com o Fundo e a posição firme do Governo, que rejeitou qualquer reestruturação da dívida, desencadearam uma forte onda vendedora no mercado secundário.
Segundo dados da JPMorgan Chase & Co., o spread soberano do Senegal face aos títulos do Tesouro norte-americano subiu para 1 077 pontos base, considerado por analistas como o limiar que “tranca” o acesso de um país aos mercados internacionais. Moçambique, com 965 pontos base, e Gabão, que este mês ultrapassou os 1 000 pontos, integram o mesmo grupo de fragilidade.
Mark Bohlund, analista sénior da REDD Intelligence, considera que o preço actual dos títulos já incorpora uma elevada probabilidade de reestruturação:
“É claro que uma reestruturação de dívida está a ser fortemente precificada nos eurobonds do Senegal. Com este nível de risco, o país não consegue aceder ao mercado de eurobonds.”
A reacção mais visível foi no eurobond com maturidade em 2031, cuja yield subiu 122 pontos base para 16,87%, acumulando uma escalada de quase 300 pontos desde o início do mês.
A deterioração do desempenho obrigacionista ocorre num contexto delicado. O anterior programa do FMI, de 1,8 mil milhões de dólares, foi congelado em 2024, após o Governo revelar dívida oculta estimada em 7 mil milhões de dólares — episódio que abalou a confiança dos investidores e levou o Fundo a exigir maior transparência.
O FMI confirmou na terça-feira que discutiu “várias opções” com o Governo senegalês, mas que a decisão cabe agora às autoridades nacionais, tendo assinalado “significativas vulnerabilidades da dívida” que requerem um enquadramento credível de ajustamento.
O mercado mantém-se nervoso. Maciej Woznica, gestor de obrigações na Coeli Frontier Markets, refere que os títulos do Senegal estão em “níveis de stress” e alerta para maior volatilidade nos papéis de curto prazo.
Ainda assim, os analistas afastam o risco de contágio regional. Anthony Simond, director de investimentos na Abrdn, afirmou que a situação é específica e isolada:
“O Senegal não é um problema sistémico. A maioria dos países africanos apresenta boas perspectivas de crescimento, contas fiscais mais sólidas e reservas em recuperação.”
Quase uma dezena de países africanos recorreu ao FMI desde 2020, num total de 69 mil milhões de dólares, para fortalecer estabilidade macroeconómica e reduzir vulnerabilidades externas — caminho que muitos analistas consideram inevitável para nações como Senegal.
Com o agravamento dos spreads e o impasse nas negociações com o FMI, o Senegal abre um novo capítulo de incerteza financeira, num momento em que o mercado exige transparência, disciplina fiscal e reformas profundas para evitar um cenário de reestruturação inevitável.
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