Gigante açucareiro sul africano, evita tombo e segura-se no resgate

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Gigante açucareiro sul africano, evita tombo e segura-se no resgate
• Tongaat Hulett não está a ser liquidada, mas em processo de resgate num esforço proactivo para proteger a própria empresa, empregos, credores e outras partes interessadas
• A empresa acredita que, em face das dificuldades financeiras, o resgate é a acção mais responsável, susceptível de resultar num melhor retorno para os credores do que a liquidação
• As operações da empresa no Botswana, Moçambique e Zimbabwé não estão a coberto de o processo de resgate em curso entrar em operações de salvamento de empresas
• O passo crítico na concretização da estratégia de reestruturação global para reduzir o seu excesso de dívida para níveis sustentáveis e assegurar a sustentabilidade do grupo foi concluído, com a aprovação do plano de reestruturação de capital

O gigante sul africano do açúcar, a Tongaat Hulett, está a atravessar uma crise sem precedentes na sua história secular. Debaixo de uma crise financeira a empresa accionou o “resgate” para evitar o colapso total e reencontrar o caminho do crescimento.
Após quase quatro anos a seguir uma estratégia de recuperação abrangente, a empresa está a ver os primeiros rebentos de recuperação.
A produção do açúcar, relativamente às épocas anteriores, e está também a experimentar uma forte procura local. As operações de açúcar em Moçambique deram excelentes resultados.
O Conselho de Administração do Grupo, que integra a Tongaat Hulett Limited e Tongaat Hulett Development Proprietary Limited, veio semana finda, informar que “o resgate é o passo mais responsável nas actuais circunstâncias”, acreditando ainda que o procedimento “deve potencialmente resultar num melhor retorno às partes interessadas do que uma liquidação forçada”.
A história recente da Tongaat tem sido marcada por desafios significativos, numa sequência de anos de elevados e crescentes níveis de endividamento, alegadas falsas declarações financeiras e má gestão. Desde 2019 que uma serie de esforços têm sido empreendidos pela nova liderança da empresa, que resultaram em “bons progressos numa variedade de frentes” incluindo a realização de poupanças de custos e a melhoria do financiamento disponível. A dívida, especificamente, foi reduzida em mais de R6,6 mil milhões, de um máximo de R11,7 mil milhões. Apesar desses “bons progressos, a Tongaat, ainda apresenta um défice, na conta do capital de exploração, de aproximadamente R1,5 mil milhões, em grande parte devido ao impacto da COVID-19 e à recente agitação em KwaZulu-Natal, refere a empresa em comunicado distribuído na última semana.
Esse défice, segundo a empresa é necessário para financiar o pico das necessidades de capital de exploração para completar o exercício financeiro de 2023, e a empresa busca esse financiamento adicional que já teve recusa de alguns investidores e credores, situação que levou a administração da empresa a admitir que as operações sul-africanas já não são financeiramente sustentáveis sem mais liquidez, razão pela qual a administração da empresa accionou voluntariamente “o resgate de empresas”.
O CEO da Tongaat, Gavin Hudson, disse, justificando a opção tomada, que embora o desfecho não seja o resultado que esperado, “o início do resgate da empresa não é o fim das operações sul-africanas de Tongaat Hulett”. E acrescento: “O resgate de empresas proporciona um quadro jurídico que permite aos profissionais de resgate trabalharem com os principais interessados para encontrar soluções óptimas para as nossas dificuldades financeiras: Tongaat tem um legado orgulhoso de 130 anos e é um actor significativo na agricultura, na África do Sul. Temos pessoas dedicadas a trabalhar arduamente para encontrar o melhor caminho a seguir, e a equipa de liderança está empenhada em trabalhar de perto com os profissionais de resgate para assegurar um resultado bem sucedido na reestruturação da empresa que protege os associados a Tongaat”.
Tongaat Hulett’s Botswana, Moçambique e Zimbabué não se encontram em dificuldades financeiras e, por conseguinte, continuarão as suas actividades normalmente.
“Estas três empresas são financiadas independentemente da Companhia e não devem ser afectadas pelas circunstâncias adversas que afectam a Companhia”, clarifica a afetam Tongaat Hulett Limited e Tongaat Hulett Development Proprietary Limited,
Em Moçambique, através das duas açucareiras que detém, designadamente, a de Mafambisse, em Sofala, e Xinavane, em Maputo, a Tongaat, é por cerca de 60% produção nacional de do açúcar. As actividades da Tongaal no nosso País, envolve grandes produtores comerciais que a abastecem, num sistema que comporta o fomento de produção de cana-de-açúcar envolvendo as comunidades locais, envolvendo mais de três mil pequenos produtores independentes, organizados individualmente ou em associações. Estes pequenos produtores são responsáveis pelo fornecimento de perto de 38% da cana para as duas fábricas.
Tongaat Hulett desempenha um papel sistémico na segurança alimentar da região e na economia da África do Sul. Para cada emprego criado por Tongaat Hulett África do Sul, 10 empregos são apoiados noutros sectores da economia. Mais de 500 000 dependentes e comunidades em toda a SADC dependem do Tongaat Hulett para a sua subsistência.
As acções de Tongaat Hulett continuam suspensas da Bolsa de Valores de Johannesburg.

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