Crise pós-eleitoral ameaça comércio e estabilidade em Maputo e Matola

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Os recentes protestos e actos de vandalismo em Moçambique, desencadeados pela validação dos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, atingiram níveis críticos, com um impacto devastador no comércio e na segurança pública nas cidades de Maputo e Matola.

Saque e vandalismo em Maputo

Em bairros como Luís Cabral, à entrada de Maputo, a destruição é evidente. Armazéns foram saqueados e bens como arroz, leite, pneus e até estantes de madeira foram levados por populares. Mesmo com a presença policial e militar, os saqueadores continuaram a transportar mercadorias, utilizando carrinhos de mão e motorizadas, perante o cenário de caos generalizado.

De acordo com o Ministro do Interior, Pascoal Ronda, nas últimas 24 horas foram registados 236 actos de violência grave em todo o país. Entre estes incluem-se incêndios em viaturas, vandalização de unidades sanitárias e ataques a sedes do partido FRELIMO. Estas acções resultaram em 21 mortos, incluindo dois agentes policiais, e na detenção de 78 pessoas.

Matola em colapso comercial

Na Matola, a situação é igualmente alarmante. Supermercados, lojas de electrodomésticos e mercearias foram completamente esvaziados, enquanto os produtos saqueados começam a ser vendidos a preços irrisórios nas ruas. A violência continuou inabalável mesmo após apelos do candidato opositor, Venâncio Mondlane, para que os manifestantes evitassem vandalizar bens privados.

Residentes da Matola expressaram preocupação com a possibilidade de escassez alimentar iminente, uma vez que muitos comerciantes poderão não retomar as suas actividades após os ataques. “Isto é o fim da actividade comercial”, lamentou um residente de Tsalala, destacando a incerteza quanto ao futuro.

Medidas de contenção e impactos futuras

O Governo reforçou a presença das Forças de Defesa e Segurança (FDS) em pontos estratégicos. No entanto, a resposta até agora tem sido limitada face à escala da crise. Os episódios de violência não só expõem as fragilidades do sistema de segurança, mas também ameaçam as bases económicas e sociais da região.

A crise em Maputo e Matola, mas igualmente em outros pontos do País, ilustra as consequências profundas de tensões políticas e sociais não resolvidas. O impacto no comércio e na estabilidade das comunidades, é apenas uma das faces da profunda crise em que o Pais esta mergulhado, exige uma resposta urgente e coordenada para restaurar a confiança e a ordem.

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