
“Poupança É Investimento”: A Visão Da Hollard Para Transformar O Mercado De Pensões Em Moçambique
– Gestor do Fundo de Pensões da Hollard defende literacia financeira, tecnologia e modelos flexíveis como pilares para democratizar o acesso à reforma digna no país
Questões-Chave
- Júlio Nhancumbe afirma que a literacia financeira é o maior obstáculo à massificação dos fundos de pensões em Moçambique;
- Hollard aposta numa gestão local, independente e tecnológica, com foco na transparência e inclusão;
- Iniciativa oferece soluções para empresas e adesões individuais, incluindo trabalhadores informais e jovens com rendimentos irregulares;
- Fundo é visto como ferramenta de protecção social, retenção de talentos e catalisador de poupança estruturada;
- Objectivo da Hollard é ser mais do que gestora de activos: quer ser educadora e impulsionadora de transformação económica.
Num mercado ainda incipiente como o moçambicano, onde os fundos de pensões cobrem menos de 1% da população, a Hollard decidiu entrar com uma proposta clara: transformar o sector com inovação, literacia e foco na sustentabilidade. Nesta entrevista ao Semanário Económico, o gestor do Fundo de Pensões da Hollard, Júlio Nhancumbe, explica a estratégia por detrás do produto e lança um desafio ao mercado: “Temos que começar a ver a poupança como um investimento no nosso futuro”.
Para Júlio Nhancumbe, o maior desafio do sector não é financeiro, mas educativo. “As pessoas ainda não percebem o que é um fundo de pensões e o que ele representa na prática”, afirma. Por isso, uma das prioridades da Hollard é desmistificar o conceito e apostar fortemente em literacia financeira, através de seminários, workshops e acções de formação.
A proposta da Hollard distingue-se por uma estratégia assente numa abordagem integrada que alia gestão local, independência na administração e uso intensivo de tecnologia. A administração do fundo é feita localmente, com controlo directo de todo o ciclo de gestão, conferindo proximidade, agilidade e adaptação à realidade moçambicana. Paralelamente, a empresa estabeleceu uma parceria com o Banco BIG, que actua como gestor independente de activos, o que assegura uma separação funcional entre administração e investimento, reforçando a governança. O uso de tecnologia é outro elemento distintivo: plataformas digitais permitem aos membros do fundo aceder em tempo real ao seu saldo, histórico de contribuições e rendimentos acumulados. Este modelo responde directamente a uma das principais fragilidades identificadas por Nhancumbe: a falta de transparência e de acesso à informação. Com este sistema, a Hollard procura garantir confiança e controlo ao contribuinte, promovendo uma relação mais consciente e participativa com a poupança para a reforma.
“Queremos garantir transparência e conforto aos nossos clientes. Estamos a gerir benefícios das pessoas — e elas têm o direito de saber como estão a ser administrados”, sublinha Nhancumbe.
Adesão flexível: das empresas aos trabalhadores individuais
O fundo da Hollard está aberto a dois segmentos: empresas, que podem aderir com percentagens definidas para empregador e trabalhador; e individuais, desde que tenham mais de 18 anos e um rendimento regular. Esta flexibilidade, segundo o gestor, é essencial para acomodar os constrangimentos financeiros das empresas e as dinâmicas da informalidade.
“Mesmo que uma pessoa tenha só 10 anos antes da reforma, ainda vale a pena começar. A poupança é um investimento, e cada ano conta”, afirma.
Retenção de talentos e protecção social
Para as empresas, a proposta é mais do que uma obrigação de responsabilidade social. Nhancumbe realça o valor estratégico de oferecer um fundo de pensões como instrumento de retenção de talentos e motivação de quadros.
“Num mercado laboral cada vez mais dinâmico, oferecer um plano de pensões pode ser o factor decisivo para manter os melhores colaboradores.”
Do lado do trabalhador, o fundo é uma rede de segurança e dignidade futura, capaz de complementar a segurança social tradicional e garantir um mínimo de estabilidade na reforma.
Literacia financeira como missão
De forma enfática, o gestor insiste que a mudança começa com a educação. “Não queremos apenas vender um produto. Queremos educar para que cada moçambicano compreenda o valor de investir no seu futuro.” Segundo ele, muitos indivíduos — mesmo com boa formação académica ou inserção profissional — desconhecem o funcionamento básico dos fundos de pensões.
“Temos jovens com rendimento que não poupam porque acham que têm tempo. E temos adultos que pensam que já é tarde demais. Em ambos os casos, falta cultura de poupança e planeamento.”
Impacto económico: da reforma à transformação
Para além da dimensão individual, Nhancumbe acredita que os fundos de pensões podem desempenhar um papel macroeconómico. Ao acumular poupança de longo prazo, esses veículos tornam-se instrumentos de investimento estável em sectores como habitação, saúde, infra-estruturas e energia.
“Queremos que o fundo da Hollard seja também um catalisador para o desenvolvimento económico de Moçambique, ao canalizar recursos para sectores produtivos com impacto social.”
Mais do que um novo produto financeiro, o fundo de pensões da Hollard representa uma tentativa consciente de reposicionar o papel da poupança na cultura económica moçambicana. Para Nhancumbe, o sucesso depende de um esforço conjunto entre gestores, empresas, reguladores e cidadãos.
“Não se trata apenas de números. Trata-se de garantir dignidade na reforma e de preparar o país para um crescimento sustentável baseado em capital interno. O momento de actuar é agora.”
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