Títulos da Dívida Moçambicana Reagem Positivamente ao Fim da Força Maior do Projecto LNG

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Os eurobonds de Moçambique subiram mais de 2 cêntimos após o anúncio da TotalEnergies sobre o levantamento da força maior no projecto de gás natural liquefeito em Cabo Delgado, sinalizando confiança dos investidores e abrindo caminho para a retoma das obras de um dos maiores empreendimentos energéticos de África.

Questões-Chave:
  • A TotalEnergies anunciou o levantamento da força maior no projecto Mozambique LNG, interrompido desde 2021 devido à insegurança em Cabo Delgado;
  • Os eurobonds de Moçambique com vencimento em 2031 subiram mais de 2 cêntimos, atingindo 89,38 cêntimos por dólar e reduzindo o yield para 12,53 %;
  • O projecto, avaliado em 20 mil milhões de dólares, poderá transformar a estrutura económica nacional, com exportações anuais previstas de 13 milhões de toneladas a partir de 2029;
  • Analistas da Morgan Stanley destacam o contraste entre a “fragilidade de curto prazo e o potencial de longo prazo” da economia moçambicana.

Os títulos da dívida soberana de Moçambique registaram uma forte valorização no início da semana, impulsionados pela decisão da TotalEnergies de levantar a força maior que, desde 2021, paralisava o megaprojecto de gás natural liquefeito (LNG) na província de Cabo Delgado.
O anúncio reforçou o optimismo dos investidores internacionais e sinalizou a reactivação de um dos projectos energéticos mais relevantes de África, com impacto directo nas expectativas de crescimento e solvabilidade do país.

Mercado Reage com Optimismo ao Sinal da TotalEnergies

Segundo a Reuters, os eurobonds moçambicanos subiram mais de 2 cêntimos, com ofertas a 89,38 cêntimos por dólar às 11h12 GMT, o que fez cair o yield para 12,53 %, o nível mais baixo das duas últimas semanas.
A reacção imediata dos mercados reflecte a percepção de que o levantamento da força maior reduz riscos operacionais e macroeconómicos, permitindo o regresso gradual da confiança no programa de reestruturação económica do país.

O movimento dos títulos foi acompanhado por uma melhoria no sentimento em relação aos activos africanos de elevado rendimento, num contexto de revisão das expectativas de risco soberano por parte dos investidores institucionais.

Eurobond Sobe e Yield Cai Para o Nível Mais Baixo em Duas Semanas

O eurobond com vencimento em 2031, único instrumento de dívida soberana internacional de Moçambique actualmente em circulação, registou um desempenho superior à média dos mercados emergentes.
A valorização de 2 cêntimos traduziu-se numa queda de 40 pontos-base no yield, sinal de uma redução da percepção de risco em torno da capacidade de pagamento do país.

Especialistas referem que a melhoria das perspectivas energéticas poderá reforçar a posição cambial de Moçambique, com impacto positivo sobre as reservas internacionais e o equilíbrio orçamental a médio prazo.

Um Projecto com Potencial Transformador Para a Economia Nacional

O projecto Mozambique LNG, avaliado em cerca de 20 mil milhões de dólares, é considerado o maior investimento privado da história do país e uma das âncoras do desenvolvimento energético de África.
A planta de liquefação, localizada na Península de Afungi, no distrito de Palma, tem uma capacidade estimada de 13 milhões de toneladas de LNG por ano, com início de exportação previsto para 2029.

Até à suspensão em 2021, o empreendimento encontrava-se 40 % concluído. O regresso das operações deverá dinamizar o crescimento do sector energético e criar novas oportunidades de emprego e conteúdo local, sobretudo em Cabo Delgado.

Riscos Persistem: Fragilidade de Curto Prazo e Potencial de Longo Prazo

Apesar do optimismo dos mercados, analistas mantêm uma visão prudente sobre o quadro económico moçambicano.
Em nota dirigida a investidores, os estrategas Neville Mandimika e Simon Waever, do Morgan Stanley, afirmam que “a fragilidade de curto prazo e o potencial de longo prazo de Moçambique não poderiam ser mais contrastantes”.

Apontam como factores de risco a tensão política pós-eleitoral, as restrições de financiamento externo e os riscos de segurança persistentes em Cabo Delgado, apesar da presença de forças ruandesas e regionais.

Ainda assim, o levantamento da força maior representa um ponto de inflexão para o país, podendo reactivar projectos complementares e fortalecer a confiança internacional num contexto de recuperação económica gradual.

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